Os Homens divergem. E a Justiça também.

Quando a decisão de um julgamento é atribuída ao Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do país, subtende-se que o seu veredicto é decisivamente definitivo, sem qualquer margem para apelação. Entretanto, como a justiça é feita pelos homens, há de convir que mesmo os ministros do Supremo divergem na interpretação da lei ou de uma causa. É tanto que nem sempre há unanimidade a favor ou contra. O caso recente do julgamento sobre a extradição do italiano Battisti, com 5 votos a favor e 4 contra, deixa evidente que “em cada cabeça um pensamento”.

Como resultado, surgem as mais diversas declarações de autoridades de outros poderes, manifestando também diferentes opiniões sobre a extradição ou não daquele ex-ativista italiano, hoje sob custódia da justiça brasileira. O próprio Ministro da Justiça já se manifestou contrariamente à extradição, numa prova inequívoca de que “cada cabeça um mundo.” Cabendo ao Presidente da República a decisão final, imaginemos a “batata quente” que foi colocada em suas mãos, principalmente depois de uma declaração de um dos ministros do STF, dizendo que “o Presidente não costuma contrariar a decisão do Supremo”. Eis aí a grande polêmica. Decisão jurídica, política ou humana?

Nem sempre a razão sobrepõe à emoção. Mas, uma coisa é certa, qualquer que seja a sua decisão, vão surgir os mais diferentes comentários, com aplausos ou apupos, evidenciando, mais uma vez, que os homens divergem e até a justiça também. Que atire a primeira pedra, aquele que nunca discordou de uma decisão superior. Não é fácil julgar. Não basta a competência técnica, há de ter também inteligência emocional.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 19/11/2009
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