Concertando

Não sei neste momento como introduzir algo em minha mente e escrever meus anseios. Há agora uma falta de palavras no meu ínfimo vocabulário, não saberia, não agora, neste momento, dissertar cinco linhas quanto mais escrever com palavras meus sentimentos que estão confusos. Como não tenho a genialidade de alguns autores usarei de suas escritas para começar algo e este algo, prometo meus senhores, entrará na minha mente como uma bala de colt calibre 35. Senhoras e Senhores, ilustre e decadente platéia, estou eu aqui sobre o palco dos tolos novamente é a certeza que tenho é que não será a última vez que subo. Subirei e fecharei estas cortinas por diversas vezes, até o último espetáculo que tem data marcada, pois ouço a voz de Hades sussurrar em meus tímpanos, mas por enquanto tentarei usar palavras para explicarem os fatos e sentimentos. Entretanto ao usar essa unidade de linguagem escrita que também pode ser falada devemos ter cuidado, porque ao manusear tal vocábulo estará mexendo com sua história e tradição, algumas podem ser esquecidas mas, estão lá no cantinho da sua consciência. Há palavras que queria esquecer ou talvez nunca mais pronunciá-las, pelo menos nesse mundo. Contudo logo essas palavras são as mais utilizadas pelos meus sonhos, dentro dos meus delírios sonho que amo, apaixono e que meu coração bate rápido ao ver a foto do anjo que deixei para trás, não preciso tomar qualquer substância química para saber, nem por um momento que seja, que voei contudo não sabia que voava. A porta da decisão se abriu na minha frente passei diversas vezes pelo seu lado estreito e repetidas vezes errei, falhei, não dei valor as nuvens em que eu me encontrava, machuquei aquele anjo que Deus me enviou e agora pago com carma. Como disse Stephen King em um de seus livros: ao puxar a alavanca e condenando aquele anjo a morte Deus me puniu com a vida eterna para que pudesse refletir que matei a única salvação, matei um milagre. Ao distratar o presente divino que foi dado encontro-me na mesma situação de Paul Edgecomb viverei por muito tempo para ver meus entes queridos morrerem, apaixonarei facilmente para que no momento do término pagar e sofrer as consequências do meu carma. Matei meu amor, matei minha razão e agora tento matar a mim mesmo, porém está possibilidade está descartada tenho que conviver com minha maldição. Sou o menino no ponto de ônibus esperando a lotação do tempo, para que eu possa voltar ao passado e consertar meus erros ou simplesmente concertar minha vida e ter uma segunda chance sabendo as notas certas, contudo não posso pedir essa mercê a Deus. O que aconteceu está na engrenagem da vida não pode ser modificado ou consertado, como escreveu José Luis Borges “ Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me.”Se este perdão essa segunda chance fosse dada a mim, não estaria alterando apenas minha vida, estaria modificando os sonhos de vários por isso não mereço redenção pois, já tive a primeira.

Gilmar Elric
Enviado por Gilmar Elric em 19/11/2009
Código do texto: T1931731
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