Romance

Senhores,senhoritas e convidados, sejam bem vindos novamente a minha mente, aliás ao meu teatro,hoje quero mostrar a vocês um romance. Nunca fui bom nesse tipo de história, talvez por não ter vivido muitos e os poucos que vivi deixaram em mim cicatrizes profundas que rebolam,mexem e estão sempre a sangrar. Mas essa história não vai ser sobre mim, nela não haverá nenhuma letra da minha personalidade, não terá coisa pessoal para que vocês me identifiquem, não há, nesse momento, lágrimas escorrendo pela janela da minha alma. Hoje farei apenas uma narrativa, uma história de uma visão, de algo surreal e mais extraordinário que Romeu e Julieta, nunca nessa vida ou em outra irei superar Shakespeare, esse algo é extraordinário para os dias contemporâneos. Antes que eu acabe com meu repertório de palavras tentarei começar. Era uma tarde comum o céu estava no alto, a terra nos meus pés, as nuvens eram brancas e com diversos formatos, se forçasse bem sua imaginação poderia enxergar os cavalos puxando o carro de Apollo, talvez ele estivesse indo sequestrar o sol ou simplesmente estava querendo ser lembrado, estava, eu, deitado no gramado e observava as árvores, os pássaros cantando e encantando as fêmeas, qual deles iria ganhar o coração da donzela? Não seria eu. O sol, surrupiado por Apollo, escondia-se atrás das nuvens e agora fazia sombra, Zéfiro se fez presente,soprava ventos do oeste que faziam soar uma melodia, doce e suave como uma música de Bach, meus ouvidos se encantavam e quase choraram,meus olhos lutavam,para que eu continuasse a observar Apollo,Zéfiro, os pássaros e Bach a tocar como uma linda orquestra de Moscou,claro que improvisada, mas isso era fantástico. Estava eu demasiadamente hipnotizado quiçá por isso não a tenha visto, aquela dama de olhos e cabelos negros,pálida e magra, encontrava-se sentada com seu olhar distante esperando algo, porventura seu par e sendo assim eles poderiam dançar juntos a doce melodia entonada por Bach. Lá estava ela e caso seu par para dança fosse eu, não haveria incomodo algum apenas talvez, pelo fato de eu não ter o dom da dança em meus pés. Tive que sair, não dei a ela um olá, boa tarde ou um simples olhar, quero deixar claro meus amigos que a minha vergonha era tremenda e nunca fui muito bom com sexo oposto, saí correndo subi alguns degraus que me separavam do meu objetivo, olhei sobre meu ombro direito, Bach havia ido embora, Apollo escondera a estrela anã de vez e agora observei Eurus soprando fortes ventos do leste, uma tempestade estava se formando porém, a dama de olhos negros continuava lá e agora mostrando a mim, não diretamente,suas belas mãos. Atravessei o corredor perguntado se a veria de novo e quantas oportunidades não perdi, ao não dar um simples oi; não tinha mais o quê lamentar, segui em frente sem olhar para trás, ia em direção a capela. O sino alarmava mostrando que eram sete horas, pessoas entravam no santuário para assistirem algumas palestras. Maletas, algumas de violinos, outra de um violoncelo,chegavam e eram colocadas sobre o altar, haveria um concerto, música e belas canções. Ao descer a escada ao lado da capela encontrei a dama de cabelo negro, ela estava trajando a mesma cor que seus olhos tinham e agora ela tinha achado seu par, olhei como ela o admirava, como passava a mão em seu braço,entre suas cravelhas,como desejava-o, beijou sua crina e olhou seu filete e ele devolvia seus carinhos ao cantar uma bela melodia. Podia sentir a paixão emanar daqueles corpos não consegui tirar os olhos deles, encarava os dois e observava com os olhos umedecidos meu sonho, que era simplesmente amar e ser amado, como ela amava aquele violoncelo e ele amava a ela. O violoncelo tinha a tirado para dançar,Sim, agora ela estava dançando com seu par que tanto esperou, os dois em pura sintonia, no amor puro e simples que existe apenas em Hollywood,tocavam uma bela canção de Bach. Ali estava a dama de negro e o seu violoncelo entrelaçados, seus corações determinados a se amarem para sempre.

Gilmar Elric
Enviado por Gilmar Elric em 18/11/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1929901
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.