PAR OU ÍMPAR?

Não importa em que mesa de jogo estás, em que rio se banhas, ou qual sol seja tua fonte de luz... a ingratidão é uma forma de jogar no lixo a impureza da sua moral! Se alguém te deu as cartas, seja honesto a ele; se alguém te deu o conforto, não abuses; se alguém te matou a fome, não exijas a sobremesa!

Estender a mão é sempre um ato de pena, e a piedade, é o sentimento dos fracos. Aquilo que os fortes sentem não é senão a inveja de não ser piedoso!

Não foi a toa quando Cazuza assim gritou: “vamos pedir piedade/ senhor piedade/ pra essa gente careta e covarde”.

Bote uma coisa na sua cabeça, infeliz: o pecado não é uma obra humana que se pode escolher num joguinho de par ou ímpar! Outra coisa, deus não tem nada a ver com isso. Ora essa, a mentira é o que veste a verdade! Toda caridade é falsa, mas toda falsidade é sincera: é o caráter da fraqueza... só o fraco ajuda um fraco. O metido a forte sempre resmunga!

Quem não sente a caridade está prestes a virar defunto, ou já o é de uma vez por todas e ainda não sabe... quando alguém te dá um beijo nunca é à toa, mesmo que esse beijo seja a prova de algum poder, o que de fato sempre é!

Tu que não temes o cigarro, tu que não temes a bebedeira, tu que não temes as prostitutas e por elas acaba toda a tua fortuna... tu que és seboso, não se banhas, tu que és promíscuo e tarado, e que não temes o ridículo, nem temes a moral... ó imoral, porque você cospe na comida que te deram e agride a face que para ti sorriu?...

... Ninguém aceita ser visto de cima pra baixo. O que não justifica matar quem te salvou!

E para que morramos em paz sem o peso da tolice em ser ingrato, deixo os versos do poeta potiguar Henrique Diógenis:

HEMODIÁLISE

Num mesmo corpo,

O sangue correndo em veias

É o sangue que passa pelo mesmo coração...

O pé sendo descalçado,

A mão que esbofeteia,

O nariz aspirando o ar...

... Poluído!

O pulmão que morre asfixiado,

A nicotina que o mata...

... Os olhos que cegam as paisagens!

O pé chutando a bunda,

A boca gritando o palavrão,

O dedo que aperta o gatilho,

A alma que voa do corpo...

... A mesma família só é separada pela morte,

A mesma cova nem adianta,

Mas em vida... em vida,

Se tua veia desviar o rumo do sangue,

Teu coração é maior e mais forte...

Dentro de um mesmo corpo não há sangue talhado,

A única gota que o trair,

Esfriará toda a carne,

E de carne passará à alma...

... Serão as veias se suicidando!

Se puder doar teu sangue, does!

Mas se tiver de sangrar,

Nunca sangres o fígado que a ti pertence...

... Os rins do seu parente filtram o seu sangue,

Derramá-lo é sentenciar a tua covardia!

Manel Clélio (Kekel)
Enviado por Manel Clélio (Kekel) em 17/11/2009
Reeditado em 10/07/2011
Código do texto: T1929132