Porque a musica não interessa mais?
Os jornalistas de música são as pessoas que menos entendem de música hoje em dia. Qualquer amador sabe mais sobre este assunto que eles. Escrevo isso com um amargo sabor de desilusão envolvendo meus pensamentos e não com energia desafiadora como pode parecer em princípio. Escrevo até porque a música é minha primeira paixão e não a literatura, por isso meu interesse no assunto.
Hoje ao abrir uma revista de música - as poucas que ainda restam nas bancas - ou um jornal que tenha coluna especializada ou ainda uma matéria de tv ou Internet, você corre o risco de se deparar com uma lengalenga sobre as terríveis grandes gravadoras, entrevistas cansativas com artistas independentes ainda sem bagagem para falarem mais do que dois minutos, a suposta morte do cd por causa do napster ou mp3 e por aí vai. Do que menos se fala é da música em si, quando se fala.
Os jornalistas se tornaram repetitivos, incapazes de falar sobre o prazer que nos traz essa fabulosa arte milenar, preferindo perder tempo com um futuro que nunca chega,uma exaltação interminável de festivais de grupos semidesconhecidos misturados como num liquidificador que não nos deixa conhecer deles uma canção sequer separadamente e pausadamente para que possamos concluir se o que eles querem mostrar faz ou não sentido para nós. É uma pena.
Os jovens, por exemplo, quase não se interessam mais pelo assunto, e é difícil convencê-los a tentar separar o joio do trigo. Todas as gerações trazem grandes talentos mas hoje em dia é muito mais difícil concluir que alguém realmente é talentoso e veio para marcar época. A preguiça e a apatia com que os jornalistas tratam aquilo que deveriam amar é contagiosa, se espalha por todo lado, isso deve ser fruto daquele vislumbramento neoliberal e globalizado que era apregoado nos anos noventa.
Os músicos brasileiros deveriam se mirar no exemplo do pessoal do cinema nacional que deu a volta por cima sem esse derrotismo que se instalou na música. Espero que a literatura não siga o mesmo caminho.