Tarde Demais

Já fui um pouco inocente. Mesmo agora, em plena maturidade.

Aquela tão doce e risonha inocência...

Saiu das trevas do meu coração e num impulso tão louco, começou a enrolar-se pelas areias, rolar pelas escadas do meu suposto céu.

Tantos planetas, que pareciam lunetas.

Espaços vermelhos, de um pulo para outro.

Que inocente fui.

Já tão tarde descobri que os planetas caíram, debochando de mim...

Jogando faíscas fulgurantes em contemplação à minha figura tão ambígua;

Mistura de terra com cabelos, flores com terremotos.

Que escuridão é perder a inocência, quando eu só queria luz.

Mas, as estrelas já não passavam de ilusão, tinham-se ido ao recôndito de outros astros, esferas, tempos!

Porque eu também, como as estrelas, já passei. Hoje, sou apenas ilusão...

Daquele brilho, que joguei para dentro do seu coração.

É lá que ele mora.

É lá que ele morre.

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 24/05/2005
Código do texto: T19268
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.