Tarde Demais
Já fui um pouco inocente. Mesmo agora, em plena maturidade.
Aquela tão doce e risonha inocência...
Saiu das trevas do meu coração e num impulso tão louco, começou a enrolar-se pelas areias, rolar pelas escadas do meu suposto céu.
Tantos planetas, que pareciam lunetas.
Espaços vermelhos, de um pulo para outro.
Que inocente fui.
Já tão tarde descobri que os planetas caíram, debochando de mim...
Jogando faíscas fulgurantes em contemplação à minha figura tão ambígua;
Mistura de terra com cabelos, flores com terremotos.
Que escuridão é perder a inocência, quando eu só queria luz.
Mas, as estrelas já não passavam de ilusão, tinham-se ido ao recôndito de outros astros, esferas, tempos!
Porque eu também, como as estrelas, já passei. Hoje, sou apenas ilusão...
Daquele brilho, que joguei para dentro do seu coração.
É lá que ele mora.
É lá que ele morre.