DE MALAS PRONTAS (EC)               
 
 
 
                        Estou de malas prontas, parto sem hora de voltar. Vou ao encontro dos meus sonhos. Daqueles sonhos que enchiam a imaginação da mocinha romântica que eu era, e me faziam voar  por lugares onde a fantasia faz morada.
 
                        Ah, os sonhos que eu tinha! Eram verdes como a linha que borda os canteiros da aurora, quando amanhece serena entre nuvens molhadas pelo orvalho da noite.
 
                        Sonhos de um tempo sem preocupações, sem responsabilidades. Sem futuro, sem passado. De um tempo em só importava o presente, aquele momento que passa tão rápido que temos que colhê-lo antes que se vá embora. Teci sonhos, muitos, tantos... Tecelã habilidosa compunha um tapete de cores, as mais brilhantes e belas e nele eu seguia por entre astros e estrelas em direção ao infinito. Viagem intensa, pra mim sempre proveitosa.
 
                        Dirá você, que me lê: sonhos, são apenas sonhos, uma quimera que se esfumaça bem depressa ao sopro da brisa que passa.  Eu sei, eu sei. E enquanto alguns viram realidade, outros permanecem distantes como que suspensos em um mundo imaginário aguardando a hora certa para se tornarem visíveis. Só, então, será possível tocá-los.
 
                        Na verdade, mais importante do que realizar os sonhos é vivê-los, senti-los, intensamente com garra, com força e com fé. Nunca deixe de sonhar, em qualquer tempo, em qualquer idade. Quem não tem sonhos é tão somente um pobre coitado cego e surdo que passa pela vida sem ver-lhe as cores ou ouvir-lhe as canções.
 
                  Por isso vou de partida
                  resgatá-los de onde estão,
                  vou depressa, de corrida,
                  pegar os meus sonhos em botão.

Este texto faz parte do Exercício Criativo - De Malas Prontas.
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