Gestão Pública e Política Partidária
Quem se elege para um cargo público como resultado de composições ou conchavos políticos, quase sempre fica na obrigação de indicar ou nomear alguns dos seus partidários, quer tenha ou não competência para exercer as funções. Para não ir muito longe, fico apenas no âmbito municipal e estadual, onde a nossa própria observação ou a imprensa local pode nos informar com maior precisão sobre os erros e acertos da administração pública.
Há de convir que, no meio de tantos, há aqueles que realmente preenchem os requisitos para ocupar determinados cargos, em razão de sua competência técnica. Entretanto, levados por pressões políticas e interesses escusos, chegam a desistir das funções, quando não aceitam comprometer a própria dignidade. Como consequência, a sua vaga é preenchida por quem aceita entrar no jogo das “panelinhas”, defendendo mais os interesses próprios do que os da coletividade.
Num estado de direito democrático, a imprensa é fundamental para levar informações à população, a fim de que esta possa adotar medidas corretivas, pressionando a quem de direito para punir os infratores. Há casos em que todos têm conhecimento das irregularidades, mas cada um fica achando que compete ao outro resolver o problema. Não há mobilização social repreensiva. Fica-se a esperar por novas eleições, na expectativa de promover algumas mudanças. Entretanto, se o processo que os elegem já é contaminado por meios ilegais, como a compra de votos e oferta de cargos, há sempre o risco de continuar com uma gestão pública dominada pela política partidária, sem compromisso com a competência técnica, prevalecendo os interesses do “toma-lá-dá-cá”, termo bem conhecido no meio político.
Diferentemente da iniciativa privada, onde o que importa é a qualificação do profissional, constantemente avaliado em função dos resultados, sob pena de ceder o boné para outro, ali prevalece a competência técnica, buscando sempre uma gestão eficiente e eficaz em nome do desenvolvimento econômico e social. É assim que deveria ser também a gestão pública.