O QUE TU ESPERAS E OS TEUS OLHOS VÊEM?
 
(...)
Mas nem negros nem azuis
são teus olhos meu amor...
Seriam da cor da mágoa,
se a mágoa tivesse cor.

(Florbela Espanca –Mostra teus olhos)
 


...Era  uma noite longa, indormida, para uma vida  curta

- Por que estás insone, o que esperas?
-O meu  amor.
-E tens um?
-Não. Morreu
-Então,por que esperas? Sofres com isso?
-Sofro  
-Lamento, mas não posso  ajudar, já que o teu amor morreu. Morreu está morto, morto e enterrado.
-Qual é a cor dos teus olhos e o que eles vêem?
- Mel.Uma luz é o que eles vêem.
-Seria do farol de Alexandria?
-Não, a mim parece da “lanterna dos afogados”
-Por quê?
-Porque é lá que se espera. E eu espero
- Mas tu não és Pedro pedreiro da canção do Chico, que tudo esperava
- Mas também sou penseira e espero, espero, espero... “´Só não espero, o trem, mas espero o sol ou uma coisa mais linda que o mundo, maior que o mar”, que nem o Pedro...
- Hei, para de” sonhar se não dá desespero de sonhar demais!”
- E tu pare de plagiar o Chico!
-Só eu!? Tu também! Ah, só mais esta vezinha para eu  dizer que nem ele:” que  estás esperando o dia de esperar ninguém, esperando enfim nada mais além...”
-Engraçadinha. Tomara que o Chico te processe. Boa noite.
-Quer dizer, processar nós duas, não é? Vai ver se dorme, vai.Boa noite, penseira.
- Ah, só mais uma coisinha, enquanto o sono não chega, fica ai cantarolando “Lanterna dos Afogados”, lembrando a Cassia Eller. Beijo. Te amo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/11/2009
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