FLORES

Estava justamente aqui, pensando sobre o poder de uma flor, quando algo aconteceu.

Antes porém, recebi um bouquet, que não era exatamente de tulipas, mas nem por isto deixou de ser belo.

E, pasme, fiquei feliz.

Geralmente não sou assim, sou uma pessoa triste, difícel de ser agradada. Imcompreendida.

Mas me agradei com as rosas. Ou me conformei em definitivamente só ganhar rosas, no máximo orquídeas. Sem querer ser ingrata, mais um bouquet de rosas... E que rosas lindas!

Muitas das vezes, me acham fútil, muitas das vezes sou sensível demais.O fato é que flores são uma grande paixão em minha vida. Não deveria ficar tão longe delas, maldita alergia!

Leio atualmente e atentamente "A menina que roubava livros, de Markus Suzak". Procuro a história de outros para compreender ou esquecer a minha.

Entre uma página e outra da vida, recebi o telefonema do meu filho, à meia noite e onze, se dizendo só, sentindo a minha falta, já na casa do pai. Que coisa. Fui busca-lo, prontamente.

Durante uma semana o bouquet, que não deve ter sido barato, murchou.

Significa que tudo passa, que a beleza é efêmera.

Então, do bouquet restaram apenas umas duas rosas... Estão lindas ainda...

Mas vão murchar, apodrecer, morrer.

Hoje, voltando do almoço e pensando em minhas futilidades, novamente depressiva por ter devolvido meu filhote ao pai, parei para que atravessasse à calçada, um caixão. Caixão feio, amarelado, pobre. Mas que continha ali dentro um corpo de uma pessoa já adulta, querida, provavelmente. Vi que algumas pessoas em volta disfarçavam a tristeza, uma segurava uma tulipinha pequena, branca.

E lá estavam as flores, novamente...

Não me furtei de questionar o sentido da vida pela enézima vez. Nada que explique nada.

Da experiência destes últimos dias, levo uma certeza: TUDO PASSA.

Um dia, tudo passará... Eu, você, e os outros.

Eis a esperança que ainda me mantém de pé: Quero flores lindas na cremação. Tulipas também, por favor. Não se preocupem com minha alergia, ela, assim como eu terá passado naquele exato momento.

KARLA SKARINE
Enviado por KARLA SKARINE em 15/11/2009
Código do texto: T1924720
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