SEM MARASMOS
Ele ri e eu esboço uma ira. Eu bravejo e ele sacode os ombros. Eu gargalho e ele espuma de ódio.
Combinamos, de fato.
Nossos olhos são de iguais, ambos precisamos de sangue quente para movimentar a libido. Ambos queremos o que há de mais intenso na vida e escorregamos fácil do marasmo. Queremos tudo, queremos mais. O copo sempre está cheio.
Eu o quero em mim, como se fosse tatuagem, como as que ele tem espalhadas pelo corpo, como as que eu tenho em frangalhos. Quero como quero a vida, sempre total, demais e fervente. Quero ele porque é do mundo, livre e curioso.
Quero beijar sua boca com sede e não me saciar. Te manter entre minhas pernas, preso e livre, solto e arfante, sem que deseje sair, sem causar resistência.
A vida é curta e os momentos passam rápido demais para haver resistências.