Jogar a toalha?

Não me considero burra, toupeira, anta. Tenho até razoável consciência da minha capacidade de entender as coisas. Estudei, desenvolvi a inteligência. Bem, era o que eu pensava, mas agora não sei exatamente qual delas, porque ultimamente dizem que são múltiplas. Então, podemos ser inteligentes numa determinada área e burros em outra... Meu Deus! Sou burra em medicina, engenharia, matemática, ciências, canto... e tantas outras coisas! Cheguei à conclusão de que até em minha própria área – de letras e “comunicação” (no sentido de me comunicar através da palavra), às vezes dou umas derrapadas.

Curto estudar línguas e praticá-las, seja o português, francês, inglês, italiano, espanhol... E me delicio com as expressões, que em nosso idioma são variadíssimas e interessantíssimas. Divirto-me ao explicar para estrangeiros o que significa entrar pelo cano, dor de cotovelo, ficar de orelha em pé, falar abobrinhas, ter simancol... Mas outro dia fiquei embasbacada com uma simples jogada de toalha. Aprendi que pode ter outro significado, completamente diferente daquele nosso conhecido. E tudo por causa dessa mania moderna de preservar o ambiente, do que não discordo, que fique bem claro.

Foi assim: no hotel em que estive hospedada havia um cartãozinho com dizeres sobre preservação ambiental. Se eu quisesse colaborar com a economia de água, que o deixasse sobre o travesseiro e a roupa da cama não seria trocada. Assim fiz. Ao final do segundo dia, porém, mal pude me enxugar após o banho, a toalha pendurada naquele cubículo sem ventilação permanecia úmida. Na manhã seguinte, ignorei o cartãozinho, imaginando que tudo seria trocado. O que não aconteceu. No fim do dia as toalhas estavam mais úmidas ainda! Muito brava, comentei o caso com as pessoas do grupo com o qual viajava e todos riram de mim. Você tem que jogar a toalha, entendeu?

Como assim? Diante da minha ignorância, explicaram melhor: em hotéis só trocam as toalhas se as deixarmos literalmente jogadas no chão.

Ah! Se em outros tempos mamãe soubesse, eu não teria levado tantos puxões de orelha...