O automatismo do dia-a-dia
Uma jovem mãe de família tinha uma vida muito atarefada, logo que acabava de fazer algo, imediatamente corria às pressas para realizar outra ação cotidiana.
Sua vida se restringia as seguintes ações: acordar às seis horas, tomar um belo banho, preparar o café da manhã, varrer a casa, deixar a filha na escola, ir em seguida ao trabalho, pegara filha nas pressas na escola e voltar para casa.
Essas eram ações tão mecânicas, quanto um trabalho executado por um operador de máquinas em uma linha de produção em uma fábrica, pois eram ações que negligenciavam tanto o sentimento humano, quanto o raciocínio lógico.
Carregada desse automatismo exacerbado no dia-a-dia, a mãe estava passando por um processo de “desumanização”, tornando-se uma mulher vazia de sentimentos.
Logo após o final do expediente, saiu sorrateiramente do trabalho e foi pegar a filinha no colégio. Chigando lá, avistou direitinho sua filha e arrastou-a nos braços, jogando-a em seguida dentro do carro, sem demonstrar nenhum sinal de afeto e atenção.
Chegando em casa, a mãe nem olhou se quer para a filha e lhe mandou tomar banho, mas a menina não dava a mínima e respondeu lá do seu quarto que não ia, pois não era a sua filha. A mãe, muito insandecida, entrou no quarto muito atroz e percebeu que tinha pegado outra menina, em vez de sua própria, trazendo o desespero geral que o automatismo nos submete no dia-a-dia.
Raphael Barbosa Lima Arruda