Andes
Domingo, 25 de Julho.
Vou começar por apresentar-te: Teu nome é Condor.
Um coração solitário. Não sei exatamente onde fazes tua morada.
Do alto, batido pelo vento gelado que desce das montanhas altíssimas dessa imensa cordilheira Boliviana, ou seria Chilena? Não importa. Então, com os olhos de jade, vês com ansiedade as cidades Sul americanas e ouves silenciosamente o som ruidoso dos corações solitários, que sobe das metrópoles. Por isto me chamastes?
Na verdade, não é este o teu verdadeiro nome, ninguém o sabe, pois é um pseudônimo. Penso que ao falar, tua linguagem poética é revestida de sutil beleza, e sensualidade... Mas, voar é com os pássaros, também é conquistar as alturas. Recebi teu chamado com certa curiosidade, mas, fiquei feliz. Decifrei tua mensagem, e neste momento seria bom conhecer-te. Longe, no apelo silencioso de uma cabana, em meio a floresta os dias e as noites parecem sempre iguais, entretanto, corações e mentes podem se aproximar abrindo uma lacuna no espaço e estreitando o tempo.
Teu grito lânguido soa aos meus ouvidos como o som de uma flauta doce mágica de Dioniso, e o eco destas notas, ressoa e mistura-se com outros sons desconhecidos. Isto compõe uma sinfonia, e então surge um poema que fala de súplica e desejo, cujos versos são a expressão interior de algo secreto, um apelo, uma vontade louca de amor.
Quantas cabanas solitárias existem no coração destas florestas tropicais? Enquanto, aguardo tua presença, a imagem de duas grandes azas planando sobre minha morada, te falo do coração com uma linguagem musical de poeta e sincero com meus versos... E, fico olhando o céu de anis.
Andes, pseudônimo das alturas, onde o Condor faz sua morada. Essas geleiras que na primavera despencam no precipício, me fazem pensar que estás chorando e então eu fico triste... Diante de minhas flores, sinto o calor que te falta, aspiro o perfume que os deuses te negam e respiro o ar que não tens. Compreendo assim porque voas na imensidão branca e suplicas o encontro. A tua prece é única, mas encantadora.
Se quiseres, podes vir ao meu encontro águia branca e te receberei como amiga. Depois da alquimia, faremos uma prece e juntos voaremos rumo ao oeste, por cima da cordilheira, então,chegaremos ao oceano.
Álvaro F razão.