Os cuidadores de carro também amam

Estimado leitor,

Depois de algum tempo sem escrever volto a publicar. Estive ausente por uma série de fatores que, como sempre, resultam no que chamamos "falta de tempo", apesar do meu dia permanecer com vinte e quatro horas...segue uma crônica que matará a saudade de alguns que me cobravam...Obrigado!

Os cuidadores de carro também amam.

Ontem fui avisado em meu grupo de oração que deveria comparecer à Missa de hoje, pois prepararíamos a liturgia. Apesar de ir sempre aos domingos, como manda o costume católico, me fiz presente em mais essa Santa Missa para cumprir meu dever de servo.

Findada a celebração liguei para a minha mãe pedindo que viesse me buscar e enquanto esperava uma observação me levou a voltar às publicações mesmo após a indignação com a conduta do senhor Elmo Alves Resende Cunha, árbitro da partida de Palmeiras e Sport, mas isso é outra história...

Fiquei, enquanto esperava, reparando no trabalho de um cuidador de carros, provavelmente morador de rua, que contava as moedas entre uma abordagem e outra e por duas vezes me pediu a importância de R$0,05 para inteirar 1 real. Como me encontrava "desprovido de numerário"(completamente), acabe por não poder ajudá-lo, mas acredito que ele tenha conseguido por ter abordado mais dois motorista...

Mas, partindo ao que realmente originou a crônica, a tal observação foi a seguinte: Notei que aquele cuidador de veículos, provavelmente morador de rua, trazia no braço esquerdo um tatuagem que dizia: "Karol" e embaixo, em letras menores, "Minha vida"...

Aquela tatuagem me fez imaginar milhares de coisas...Quem seria Karol? Claro que é a mulher que ele ama, ou amou...Mas que faria ele a vagar por ali, cuidando carros sem sua amada...onde estaria Karol? Teria Karol falecido? O tempo não me permitiu perguntar-lhe detahes, mas nada me faz tirar aquilo da mente...

Aquele cuidador de carros pode ter vivido um dia uma história de amor, pode ser correspondido ou não, pode ser duradouro ou não, pode ainda existir ou não, mas o que mais importa é que ele viveu ou vive um amor!

Quando vê-lo novamente vou indagá-lo e provavelmente ganharei uma história maravilhosa...Pois ao notá-lo ali já ganhei coisas que pessoas de muitas posses jamais me puderam dar: uma crônica, uma viajem maravilhosa e, principalmente, uma lição...Lição de que todo ser é capaz de amar e que muitas vezes nossos preconceitos nos impedem de enxegar amor nesses irmãos que se encontram marginalizados.

Antes de agradecer a todos pela leitura devo dizer que continuo viajando, sem saber se fico feliz ou triste: Triste por saber que estou dentro dum quarto equipado com ar condicionado, computador, televisão e uma cama que me aguarda terminando um texto sobre alguém que jamais terá oportunidade de lê-lo e que nesse momento não sei onde está, como está dormindo, se comeu esta noite e se poderá fazê-lo amanhã. Feliz por poder imaginar que a esta hora ele pode estar mesmo sem comer, sem ter onde dormir, sem ter trabalho ou ocupação qualquer e nem ter oportunidade de ler esse texto, mas nos braços de sua amada Karol.

*O cuidador de carro, a tatuagem e todos os elementos do texto são verídicos.

**João Cyrino não segue o novo acordo ortográfico.

Grato pela leitura e, antecipadamente, por todo comentário!