A LEI É DUREZA...
Dentro do campus da Universidade Federal de Minas Gerais.
A vaga destinada para deficientes começava com o ângulo de 45 graus, onde terminavam as vagas paralelas ao meio fio. O carro estacionou entre o final do meio fio e a outra metade do carro ficou na entrada da vaga dos deficientes. Eram apenas duas vagas para essa finalidade. Sobrou uma e meia. Veio logo o reboque e exemplarmente começou a colocar o carro em cima do caminhão. O homem chegou esbravejando e o guarda nem quis saber de argumento. Ele disse que seu carro não ira ser levado de jeito nenhum, que ele era importante, aquilo poderia prejudicar o emprego do guarda.
Acho que podíamos acabar logo com a hipocrisia e criar leis especiais também para gente importante, pois no fundo é assim que as coisas funcionam, todo mundo chia, elas continuam importantes, a impunidade continua valendo para elas e o papel continua sagrado, intocável, imaculado dizendo que todos são iguais perante a lei e isso está logo nos primeiros artigos da constituição.
Artigo novo: “Todos são desiguais e perante a lei assim será observado, aplicando proporcionalmente a pena à importância que o cidadão tem na sociedade.” O critério? Poder e dinheiro.
Politicamente correto é dizer que o deficiente é portador de necessidades especiais. Universalmente incorreto é fazer com que a lei valha mais para um do que para outro. Ou dizer que uns valem mais que outros na hora a aplicação das leis.
Tem momentos que a raiva para não ser transformada em ato de heroísmo vão (dar um sopapo no arrogante) ou diante da impotência solitária, a única saída é um desabafo no papel. Saí de lá cantando Ultraje a Rigor : “inútil, a gente somos inútil...!!!”