Uma Crônica ao Acaso
Sala de aula. Prova de “Produção de Texto”. Preciso fazer uma crônica e não sei por onde começar. Nunca fui muito bom com crônicas, se fosse para escrever uma poesia, um conto ou um livro eu me sairia bem melhor. Preferiria até escrever um maldito soneto (já escreveu um soneto? Processo doloroso! Ainda bem que temos o verso livre!)!
Respiro fundo, olho para a janela da sala, observo as árvores e me perco por alguns segundos. Pisco, acordo e dou uma olhada no resto da turma, acho que mais da metade dos alunos já terminaram a prova. Odeio escrever crônicas!
Olho de novo pela janela e quase me perco novamente, mas dessa vez minha atenção foi perdida para o som dos lápis rabiscantes e borrachas esfarelantes. Parece que os outros alunos conseguem escrever crônicas com tremenda facilidade.
Paro, fecho os olhos, procuro deixar a entidade da inspiração vir até esse pobre mortal. Qualquer enlevo é de ajuda nesse momento. Sinto-me perdido, não sei por onde começar, menos ainda terminar. Vasculho em minha mente qualquer acontecimento de meus cotidianos que poderia servir para uma crônica, mas a meu ver nenhum presta. Tudo que escrevo precisa de um “algo mais”, algum toque especial que não sei descrever, mas que meche comigo de alguma forma. Infelizmente não encontro disso em meus tediosos cotidianos.
- Apenas pegue um momento qualquer de sua vida e passe-o para o papel, sem compromisso, quase sem objetivo. – Essa frase ressoa em minha mente e seguindo esse conselho de um “eu” desconhecido, começo a escrever o que me ocorre nesse exato momento, sem saber exatamente por que. Talvez para terminar logo a prova, talvez por que a piedosa inspiração finalmente veio, talvez para convencer a mim mesmo que escrever uma crônica não é nenhum bicho de sete cabeças. No final das contas acho que consegui escrever um esboço de crônica.
30 de Março de 2009