MINAS GERAIS
 
         Sentada na sala de espera da Fisioterapia, esperando a minha vez. Estou meio impaciente, fazer a sessão e ir embora. Entra uma mulher madura e bem cuidada, olhos pintados com lápis, bem despachada, prática. Fico, a saber, que é uma pintora autodidata. Logo a seguir uma moça conhecida dela, mais jovem e começam a conversar. Eu só ouço desinteressada. Mas em dado momento, fico sabendo, a jovem veio de Muriaé e lá “é sempre fresquinho”, tem salsa e cebolinha plantadas, e cenouras, e outras coisas boas... Fresquinhas, vivas no quintal...
         Ouvi e falei. Sou mineira.
         No que disse, inundou emoção em mim. Em todas as áreas de que somos e que a anatomia não falou veio uma emoção bonita, lavando e emprestando valores bons, que por si foi se esparramando.
Veio a emoção que anulou o calor do Rio, e os absurdos do mundo e da vida. 
 A jovem casou com um mineiro. Tem raízes lá, vai sempre a Muriaé.
         Na sala, deitadas em mesas altas de tratamento, lado a lado, falei pra ela: “suas palavras me abriram a Beleza, o Bom, o mel, e emoções mineiras. Eu não deixei raízes lá. Eu não contive o choro em público e a sala já estava cheia e todos em tratamentos,
Um choro mineiro como bálsamo, talvez o meu paraíso perdido.Não pude evitar, tampei os olhos e soltei o pranto verdadeiro e suave, que perturba todo mundo ligado na sua objetividade; perturba e desvia todos ao respeito do algo lindo e verdadeiro que está se processando ali ao lado deles. Sei que é uma interrupção benéfica ao seu mundo ligeiramente interrompido, mas uma onda de tempo real e de bem verdadeiro, que amaina todos num breve silêncio reconfortante.
Falei pra jovem: Obrigada, suas palavras foram muito boas para mim. Há muitos anos eu me esquecera de sentir emoção mineira ao pensar. Em lá.

     Sim eu te agradeço muito pelo bem das suas palavras.

Qual o seu nome? Perguntei, agradecida, enquanto ela saia. Preciosa.

         Bem diz o Ferreira Gullar, que e como é importante o Outro.
         É para o Outro que a gente fala, mesmo quando a gente sente para si própria,


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Caros amigos e leitores a ilustração acima é a comemoração do lançamento do meu primeiro livro em que participo com três textos na ANTOLOGIA VOZES DA ALMA     e eu autografei um livro para cada filho como escritora, um grande acontecimento para mim, Caso queiram um volume comuniquem-se por e-mail e terei o prazer em mandar  um volume pelo correio.
Um abraço da MLuiza Martins