espelho, espelho meu.

Acordei de madrugada e não conseguí mais dormir.

Abrí a janela do quarto e o ar fresco que entrou balançou, gentilmete, a cortina de voal. Senti a brisa arrepiar meu corpo enquanto olhava as estrelas distantes e solitárias.

Por que estava acordada afinal? Nunca tive problemas com noites mal dormidas; teria sido algum pesadelo do qual não estava me recordando agora? Ou algum barulho atrapalhou meu sonho? Fiquei parada em total silêncio tentando ouvir qualquer coisa… Nada! Só minha respiração e um fraco zumbido na cabeça. (zuuuuuuuuuuuuuuuuum)

Não consigo entender oque pode ter acontecido, mas, o fato é que estou aqui… acordade e sem sono.

Me sento, distraida, em frente ao espelho e levo um baita susto! Quem é essa, afinal, que me olha desconfiada e sorrateira? Eu não sou tão velha assim. Me sinto jovem, cheia de vida, com um longo caminho a percorrer. O que vejo é uma velha cansada, sem forças para continuar a jornada, sem vontades e sem brilho. Onde está a alma nesse reflexo? Que cor escura de aura é essa que envolve seu corpo semi-desnudo? Não!!! Definitivamente essa não sou eu.

__ Espelho, falo rispidamente, Faça o favor de colocar o reflexo certo aí. (espero… respiro… sinto o pulsar do meu coração, forte e saudável) Nada! A velha continua lá, a me fitar desconfiada.

Desisto!

Pego a escova e o estojo de maquiagem. Vou fazer você, pelo ou menos, ficar parecida comigo.

Espelho, espelho meu… Eu ainda te quebro.

marcos villa verde
Enviado por marcos villa verde em 09/11/2009
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