O amor é cego

O amor é muito mais cego do que imaginam os simples mortais! Como conseguiu Calaf apaixonar-se por Turandot, apesar da sua crueldade? Convenhamos; que enigmas tolos lhe foram propostos pela princesa, que já havia mandado alguns para o carrasco; jamais perdoou qualquer deles, dos que se aventuraram ao seu amor. Calaf era mais estúpido do que os simples mortais, apesar de ser um importante príncipe; ficou indiferente ao sofrimento do rei tártaro, seu pai e à fidelidade da escrava Liú, que lhe deu a própria vida, não revelando quem era o príncipe...Após o sacrifício da escrava, o próprio príncipe revelou a Turandot o seu nome; como largou tudo por um amor à primeira vista de uma princesa sanguinária? Puccini deve ter tido grande desgosto com sua ópera, pois, morreu em 1924 sem terminá-la. Hoje, quando ouvimos a ária nessum dorma, estamos certos de ouvir o hino de amor trágico, desesperado e...sanguinário. O amor é muito mais cego do que imaginamos, pois, os que amaram pouco não podem entendê-lo! Por isso já escrevi que o grande amor é sempre trágico! O dia a dia está cheio de histórias as mais incríveis, inclusive, as que se acompanham de morte em nome do amor. A opinião pública, que é a opinião mais estúpida que existe, embora se diga que a voz do povo é a voz de Deus, criou o slogan - quem ama não mata! É o contrário, quem mais ama é quem mais mata, pois, quem mais ama é quem tem menos segurança da própria vida. O amor deve ser como jóia de imitação; faz o mesmo efeito, não preocupa e não dá prejuízo.