Será que tudo sei?

Quando penso que tudo sei, vejo que nada sei. E fico entre os volteios do saber e não saber. Olho, leio, observo. Quando penso que aprendi e apreendi, vem um vento, esparrama e leva para longe o meu saber. Largada na ignorância, tenho que recomeçar tudo outra vez.

Claro que há exagero no que digo, mesmo que a vida mude e o vento carregue o que penso saber, ainda há muito o que aprender. Por outro lado, algo fica na memória, ativa ou passiva, intelectual ou sensorial. E ela funciona como uma caixinha de surpresas, de repente lá de dentro vem a lembrança de alguma coisa que aprendi. Momento de emoção que vivi, um sabor que provei ou perfume que senti, aparentemente perdidos em meio à névoa inexorável do tempo. Desde o nascimento vamos incorporando conhecimentos através do intelecto, dos sentidos e dos sentimentos. Dores ou bem-estar, tristezas e alegrias, convivências amistosas, desastrosas ou em plena harmonia. Tudo contribui para o nosso saber. Além daquilo que aprendemos metodicamente através do estudo regular, observação e exercício contínuo. Ainda bem que nada disso ocupa lugar, já pensou? Imagino dentro da minha cabeça um cdzinho capaz de tudo registrar. Ali as faixas vão mudando e o saber se acumulando. Só espero que nunca lhe dê um chilique e ele pare de funcionar.

Mesmo sem querer, quanto mais vivemos, mais aprendemos, contudo jamais poderemos dizer “tudo sei”.