RITA BAIANA NA SALA DE AULA

Distribuí para a classe um texto que falava na dança da Rita Baiana, personagem do Cortiço de Aluízio de Azevedo, que despertou no personagem Jerônimo a paixão por ela, paixão esta que mudou seus hábitos portugueses.

Após distribuição dos textos, pedi alguns alunos que fizessem um círculo na frente da salada sala de aula. Tive, com a ajuda deles, de remover algumas carteiras e a mesa do professor para fazer a encenação.

Em seguida, disse aos meus alunos que nós iríamos fazer uma encenação do texto e eu faria o papel de Rita Baiana. A encenação foi feita assim: pedi um aluno que lesse o texto:”Ela saltou no meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que não se toma pé e nunca se encontra o fundo. Depois, como se voltasse a vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, titilando.”

Enquanto o aluno ia lendo o texto pausadamente, eu ia fazendo todos os movimentos da dança da Rita Baiana no meio da roda.

Não dancei tão bem como a Rita Baiana, mas fiz a classe divertir muito. Valeu a pena ser palhaça durante uma aula. Meus alunos riram muito.

Na prova bimestral de literatura, todos meus alunos acertaram a questão feita sobre Rita Baiana. Acho que para o professor fazer o aluno memorizar os conteúdos, ele não pode ser apenas um professor, é preciso exercer a profissão de palhaço de vez em quando.