Do pouco que eu sei...

Se eu fosse escrever sobre tudo que eu sei, trinta linhas seria pouco. Não que eu saiba coisas demais, mas, no sufoco, para o espaço de uma folha eu fosse capaz. Eu sei quase tudo que se passa com meus amigos, mas não sei o que se passa comigo. Tantas coisas percebo nos outros que não em mim, e quando vejo, não quero acreditar que seja assim. Se eu acreditasse nas coisas que desconfio de mim, muitas outras já teriam tido um fim. Mas se o assunto sou eu, dependo que alguém me diga as verdades, e o amor que era meu se vai com minhas vaidades. Nesse caso tudo que eu sei caberia em uma linha, ou num pensamento vago na noite vazia. Eu sei também que ninguém nunca vai saber tudo, contudo, se alguém me perguntar de novo porque o céu é azul, eu sei dizer que as partículas de ar interagem com a luz solar, essa que possui todas as cores, de todos os amores, faz com que nossos olhos pequenos veja a cor azul, não só aqui no sul. Mas se eu quiser dizer que ele é azul só porque é a cor da calma e plenitude eu posso também, pois sei daquilo que me convém, e muito me apetece, ao fazer uma prece, achar que o céu foi pintado assim pra agradar a mim. Quisera que a atmosfera pintasse o céu cada dia de uma cor, eu ia dizer “é só por isso meu amor! Pra acabar com seu dissabor”. Mas sei que algumas coisas são impossíveis, há pessoas que são infelizes. E não há cor que vá dar jeito num laço que foi desfeito. Destas, eu tenho pena, a tristeza envenena. Sei também que há sorrisos. Talvez seja o combustível do mundo, que lá no fundo tem sua beleza, e embora não se põe em toda mesa há quem diga que pode ser melhorado. E dentre tantas coisas que eu sei, vou dizer que o amor é lei. A gente não concorda com todas elas, mas a vida tem dessas mazelas e se não sei deixar de sonhar, acredito que sei não amar. Eu sei também de tantas coisas que não posso ter, e isso é o pior pra se saber, mas posso querer o que já tenho, então me contento com minhas letras fracas. Ai de quem for ler, pois das coisas que pouco sei uma delas é escrever. Por isso leitor, me perdoe, por favor. Só digo aqui, ao me atrever, o que minha voz não sabe dizer.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 09/11/2009
Reeditado em 09/11/2009
Código do texto: T1913488
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