QUANDO EU ERA MOLEQUE

QUANDO EU ERA MOLEQUE

Quantas pipas empinei nos meus dias de folguedos,

era um prazer imenso “dar a elas” a linha do carretel,

e quanto mais de mim elas se afastavam,

mais prazer me davam por poder brincar lá no céu

com outro menino bem distante, segurando a linha na mão,

enquanto eu estava bem firme com os pés no chão.

Ah, Quantas lembranças me traz aquele tempo lá de trás!

As brincadeiras infantis, meninas e meninos

num trinar alegre quando todos se juntavam

como a algazarra que faziam na hora do recolhimento,

ao crepúsculo, os bandos de pardais,

avezinhas que pouco se vê ou ouve nos dias atuais.

Como era divertida a pelada com a bola,

brincar de bandeirinha, pique-esconde e tá contigo!

Jogar com as multicoloridas bolinhas de gude;

girar no corrupio, a brincadeira do anel à noitinha,

para ganhar beijinhos das cobiçadas menininhas

no despertar das intenções de namoro sorrateiro,

na aurora da juventude,por demais prazenteiro.

As festas do mês de junho, isso então!

Pular fogueira, comer canjica e batata assada,

soltar fogos e balões, dançar a quadrilha sempre animada...

Em qualquer idade ou situação,

sempre valiam muito os folguedos de improviso

ou o brinquedo feito à mão, a bola de meia,

o jogo de prego, e futebol de botão,

fazer zunir com a fieira o pião.

Com um canudo do talo da folha do pé de mamão

eu enchia de ar as bolinhas de sabão.

Latas de leite em pó serviam para fazer carrinhos,

cheias de areia e puxadas por um barbante, viravam brinquedinhos.

Uma, duas, três ou mais formavam um comboio,

tão divertido como o mergulho com a turma nas águas do arroio.

O desafio que proporcionavam os carrinhos de rolimã

descendo as ladeiras arborizadas da minha cidade ou

subir na árvore com outros garotos em disputa,

para colher a que parece a mais apetitosa fruta

e saboreá-la sentado à sombra que oferecia,

observando bandos de aves em piruetas lá no céu.

Minha caramboleira preferida, o lugar aonde eu me escondia

para ficar com meus pensamentos vagando ao léu.

Amiga e companheira, me balançava em seus braços

e me enchia de abraços, quando me sentia o mais infeliz.

Desse modo minha infância passou num tempo embalado

e pelo menos uma parte do que naquela época eu fiz,

me dá vontade de viver outra vez.

Isso quando puder, com meus filhos ainda faço,

ou com os futuros netos, talvez,

apesar de o ambiente estar muito modificado,

tornando muito pequeno o adequado espaço

Mario Rebelo de Rezende – Brasil

Publicado na ciranda “um presente para o futuro” - Grupo Ecos de Poesia.

Confiram a minha participação no site:

http://ecosdapoesia.net/cirandas/umpresenteparaofuturo.htm