Particularidades de meus dias
O interessante é como nos encantamos com os lugares e suas pessoas. Ao menos a mim, professorinha do interior, nascida nesta terra à luz do Piauí. Pois se o sentido da vida é adquirir amigos e olhos de ternura, eu digo que os desfruto.
Não que todos os moradores de minha cidade sejam só ternura! Trazemos os que são ranzinzas por natureza, e sem agravar a nenhum destes, digo que os quero longe de minha crônica. Falar demais sobre pessoas assim poderia me tirar a compostura no ato de escrever (coisa esta que ainda sou iniciante e, portanto, não devo falar mal de minha cidade ou podem não me ler), e gostaria muito de ser uma boa menina.
Bem, o certo é que talvez esta gente ou os passos dos Irmãos Dantas (portugueses que construíram a Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo, fundadores da então Vila de Piracuruca) tenham vestido meus olhos e meu coração em meus anos já vividos (ainda terei outros tantos, pois vivarei pedra como dizem meus filhos) e eu seja suspeita para falar de minha cidade. Não importa, sou amante deste lugar mesmo, e como poderia eu dizer que bebi desta água sem saber-lhe onde fica a cacimba (no Olho D’água do Padre)?
Uso do ato de escrever porque me ficam aqui as palavras “aperreando o juízo” e, eu, uma filha de Piracuruca que aproveita o tempo deitada numa rede na varanda de minha casa enquanto a enchente não vem (já tive de mudar três anos) arrisco-me a rezar meu querer nestas linhas.
O caso é que hoje de manhã quando fui ao mercado comprar umas verduras, dois senhores velhos amigos de meu pai dos anos em que este viveu antes do encontro com Deus olharam-se:
_Não é a menina do Batista?
É verdade que não sou mais uma menina, mas que fiquei encantada isso fiquei! Falaram meu nome na rápida conversa que tivemos em meio a nossos cumprimentos. Foi nesse ponto que decidi registrar no papel o que tenho de mais precioso: a minha vida com os que me querem bem!
E antes que eu arrebente em lágrimas... vou saindo por aqui...