Prostitutas modernas

     A revista História, da Abril, na sua edição deste mês, publica duas matérias deveras interessantes.
     A primeira sobre a prostituição e as prostitutas; a segunda sobre o padre Cícero Romão Batista, meu conterrâneo, e que poderá vir a ser, num futuro próximo, o primeiro beato do nordeste brasileiro.
     Mas para que tal aconteça, terá o Vaticano que "reabilitar" o velho cura cearense, o que, aliás, já devia ter feito há muito tempo.
     Agora, tudo vai depender de uma canetada do nosso Bento XVI que, segundo andei lendo, está disposto a perdoar - o que eu não sei - o meu padim Pade Ciço. 
     É uma matéria longa, assinada pelo competente jornalista e escritor cearense Lira Neto, onde ele aborda, com precisão e simplicidade, os "bastidores do processo no qual o Vaticano revê sua posição e considera a beatificação do mais polêmico religioso brasileiro".
     Poderia aproveitar o gancho e voltar a escrever sobre o padre Cícero. Incorporando-me, mais uma vez, à imensa legião dos que batalham, há décadas, pela reabilitação (?) do mais querido e festejado sacerdote não só do Ceará como de todos os estados nordestinos
     Reabilitá-lo, beatificá-lo, canonizá-lo é um dever da Igreja Católica. E ela sabe porquê. 
     Mas já fui advogado do padre Cícero em outras crônicas que rabisquei ao longo dessa minha agradabilissima e gratificante vidinha de cronista menor. 
     Espero - Oh! Deus, me ajude - sobrevier pelo menos até o dia em que o Vaticano "perdoar", oficialmente, o amando vigário do Cariri.
     Aí, então, romeiros do Juazeiro do Norte, vós tereis mais uma crônica deste devoto que vos fala, dessa vez saudando o beato Cícero Romão Batista.

    Mas preferi ficar com as prostitutas.
    Ou melhor, preferi dar destaque à matéria sobre as meretrizes, muito bem posta pela jornalista Bianca Nunes.
    Para muita gente, prostituição, prostitutas são assuntos velhos; batidos e debatidos amplamnete. São os que, através de leituras, contínuas ou esporádicas, têm conhecimento pleno da profissão e da vida dessas mulheres, também chamadas "mulheres da vida".
          Outros, por ignorância ou preconceito, recusam-se a bisbilhotar a vida das meretrizes; tanto as consagradas pela História, como as que ainda povoam os bordeis que ainda restam. 
        Sim, porque, com a possibilidade de se fazer sexo com facilidade e sem maiores despesas, os prostíbulos estão fechando, determinando, consequentemente, o desaparecimento das meretrizes profissionais.
          Foi-se o tempo em que as meninas dos bordeis faziam a festa dos farristas.
          Ou "aliviava"  aqueles que, depois de "assinarem o ponto",  jogavam-se, descontraídos, nos braços da meretriz de sua preferência, ao som de um bolero ou de um samba-canção do Adelino.
          Ah, os velhos lupanares, com suas cafetinas meigas, receptivas, mas atrevidas, impetuosas, desaforadas, se preciso fosse.
         
     Mas continua firme a tese de que a prostituição é a mais antiga das profissões. 
    Sabe-se que, até na Bíblia as prostitutas aparecem, ora sendo perdoadas, ora sendo condenadas. A esse respeito, consulte-se o livro do jornalista Jonathan Kirsch, intitulado As Prostitutas na Bíblia - Algumas histórias censuradas.
      No Livro dos Provérbios, por exemplo, um trechinho diz que os filhos de Deus são proibidos de se envolverem com prostitutas "Porque os lábios da mulher licenciosa destilam mel e a sua boca é mais macia do que o azeite; mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes", etc., etc., e tal.
    Porque é um assunto apaixonante e polêmico, vira e mexe, e as prostitutas retornam às páginas dos jornais e revistas. 
     É o caso da matéria da revista História que, entre outras coisa, recorda os três tipos de meretrizes na velha Grécia - as dicteríades, as aulétrides e as célebres hetairas. Na Roma antiga, as lobas. Todas com caracteristicas próprias.
    O último tópico da matéria de História me chamou a atenção. Ele trata das transformações ocorridas no relacionamento sexual, com o advento dos séculos 20 e 21, determinado marcantres mudanças no comportamento das prostitutas, que tiveram de se adaptar a uma nova realidade.  
          Entre outros avanços, ficara "mais fácil para os homens conseguirem sexo de graça". 
           "Hoje - diz o tópico -,  a profissão incorporou as características do século 21, com mulheres sendo contatadas  por mensagens de celular, oferecendo serviços eróticos por telefone ou fazendo strip-tease pela internet". 
          É isso aí. Prostitutas modernas. O computador e o celular ajudando-as no exercício da sua nobre profissão. 
               
        
                     
          
 

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 08/11/2009
Reeditado em 18/08/2013
Código do texto: T1911692
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