"A EXTINÇÃO DAS PIPAS" Crônica de: Flávio Cavalcante
A EXTINÇÃO DAS PIPAS
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Verão chegando, sol á pino e causticante. Tudo isto lembra praia, piquenique, visita ao zoológico. Enfim; passear com a criançada. Época propicia de muita Felicidade para moleques e até senhores de idade já bem avançada que ficam com a cara pra cima brincando de soltar pipas.
Aqui no Rio é uma febre este tipo de brincadeira. Tem lugares no subúrbio que as associações de bairro montam até concursos. Ganha o primeiro lugar, aquele que cortar em quantidade maior as linhas dos adversários. Aparentemente é uma brincadeira de criança, inocente e sadia; o que na realidade é uma arma mortal altamente perigosa.
Assim que eu cheguei em casa ontem, me deparei com uma cena aterrorizante. Um veículo para desviar de uma criança que estava correndo atrás de uma pipa. O resultado, foi que o motorista subiu na calçada em frente á minha casa e bateu fortemente no muro de outra. A violência do impacto foi tão grande, que o motorista ficou preso nas ferragens e só foi possível tirá-lo de dentro do veículo com a ajuda dos guerreiros heróis, que compõem o corpo de bombeiros.
Homens ágeis dignos realmente de aplausos. Eles foram à salvação daquele rapaz, preso no interior do veículo.
As pipas, na minha opinião deveriam ser extintas de uma vez por todas. A lei deveria ser rígida neste tipo de brincadeira, que para criança não tem nada de interessante. Quantas crianças não morreram caindo de alturas gigantescas por causa destas brincadeiras macabras? Outras eletrocutadas pelo fato do material que é feito o artefato, ser de um produto condutor de energia.
A gente não se dá conta da gravidade do problema. As linhas que conduzem as pipas aos céus, são mergulhadas no que eles chamam de cerol, que na realidade é vidro picadinho misturado em cola; uma arma perfeita para degolar pessoas com a euforia da criançada.
Os motociclistas são as maiores vítimas desta brincadeira. Alguns morreram degolados e outros ainda permanecem vivos pra contar a histórias, mas com cicatrizes horrendas e profundas no pescoço pro resto de sua vida.
Outro perigo eminente é quando a criança tenta levantar o brinquedo ao ar. O chacoalhar da pipa, dançando loucamente de um lado para o outro, sem responsabilidade alguma da criança com aquele pedaço pontiagudo da madeira, cravar o olho de alguém o que também é fato até exposto em jornal.
Algumas cidades do país, os governantes já enxergaram o perigo e lançaram leis proibindo terminantemente a tal brincadeira. Enquanto outras cidades e até metrópoles que deveriam dar bons exemplos, existem até os concursos incentivando a criançada a andar lado a lado com o perigo, sem se preocupar com a sua vida e com a de outrem.
ISTO É LAMENTÁVEL