MARACANÃ LOTADO
Dia desses o Roberto Drummond ("Hilda Furacão"), conhecido cronista mineiro e atleticano doente, tomava umas e outras no Bar do Rocha, ex-locutor esportivo da Radio Inconfidência, batendo papo com os freqüentadores do simpático bar da Renascença.
A certa altura, já meio “mamado”, quis saber dos presentes se algum deles já tinha jogado futebol num campo lotado, a fim de que lhe fosse transmitida a sensação do acontecimento, do jogo em si e da galera gritando, aplaudindo, vaiando e xingando. A torcida, enfim, exercendo sua paixão na plenitude dos seus direitos.
Foi aí que o Luizinho, grande amigo de infância e figura estimada na Renascença, disse que conhecia um ex-atleta e foi correndo buscar o meu mano Silvinho (o popular “Beiçola”), para que ele fizesse o seu depoimento ao cronista.
Em pouco tempo retornou com o meu irmão, sentaram-se, novas “ampolas” de Brahma gelada foram abertas, acompanhadas da dobradinha ensopada com batatas, uma das especialidades do Rocha, e o papo rolou numa boa.
O “Beiçola” então contou da sua experiência memorável, numa partida entre o Vasco (seu ex-clube) e o Flamengo, no Rio de Janeiro, realizada em maio de 1969, no Dia das Mães, num Maracanã totalmente lotado.
O campeonato carioca naquele ano estava disputadíssimo e o Vasco era o líder, seguido de perto pelo Botafogo. No time da Cruz de Malta despontavam craques como Brito, Fontana, Danilo Menezes, Pedro Paulo, Buglê, Nado, Nei, Bianchini e o próprio Silvinho. E no Flamengo, Paulo Henrique, Fio Maravilha (ele mesmo), Onça, Dionísio, Murilo, Liminha e o uruguaio Manicera, entre tantos outros jogadores famosos.
Pois bem, as duas equipes adentraram o gramado e o Maracanã quase veio abaixo com os gritos da galera e o tremendo foguetório de ambas as torcidas.
Aí, meu caro amigo Drummond, corações descompassados, adrenalina a mil, imagine você as emoções vividas por aquelas pessoas que faziam o espetáculo! Mormente pelos jogadores do Vasco, pois sua Diretoria preparou uma surpresa e, após o foguetório, fez entrar no gramado uma comitiva das mães dos seus jogadores (entre elas, claro, a nossa saudosa Dona Flaviana, buscada especialmente aqui em Belô para o evento), provocando mais emoção e até lágrimas de alguns deles, o nosso Silvinho, por exemplo.
Eu sei dizer que, no final, o Flamengo ganhou o jogaço de bola por 3 x 1, mas o Vasco manteve sua liderança e chegou à final com o Botafogo. Mas essa é uma outra história a ser contada oportunamente.
Durante o par de horas que durou a conversa no Bar do Rocha, vários outros fregueses do bar se acercaram da mesa e deram também os seus palpites, como não poderia deixar de ser, pois todo brasileiro é fanático por futebol.
O fato é que o Roberto Drummond, gostosamente, teve a feliz oportunidade e um excelente material para elaborar mais uma de suas famosas crônicas. E certamente a fez.
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B.Hte., 06/05/97