o dia em que matamos o planeta Terra.
A data está marcada. É o ano 2022 depois de Cristo. O planeta Terra está condenado; nós, seres humanos somos os únicos responsáveis por tamanha barbárie.
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Já no princípio de nossa existência como seres pensantes, quando lascávamos pedras para fabricar as primeiras ferramentas, mostrávamos por que viemos.
O grau de destruição que nossa capacidade ilimitada foi capaz de criar desde então é algo acima do que poderia suportar este frágil planeta do sistema Solar.
Atingimos níveis de desenvolvimento sem precedentes na história, momentos antes de acionarmos o gatilho do fim.
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Que gatilho foi esse?
Nossa interferência sem medidas na evolução gradual da natureza.
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Não nos contentamos em viver na simplicidade de duzentos anos atrás; deixamos de nos locomover a cavalo, e queimamos toneladas de combustíveis para movimentar os cavalo-força de nossas poderosas máquinas que nos transportam a 200, 300, 1000 km por hora. O modelo de consumo adotado pela maioria esmagadora dos seres humanos fez com que as indústrias fossem “obrigadas” a produzir cada vez mais e mais. A idéia do: “se ele pode, eu posso” nos fez querer basear nossas vidas na do outro, na do que tem mais; e assim a busca desmedida por bens de consumo, carro, máquina de lavar, geladeira, televisão, fogão, comida, bebida, enfim... projetou o início do fim. E esse fim é agora; 2022 depois de Cristo. O efeito estufa derreteu as geleiras, elevou o nível do mar fazendo com que ainda mais energia fosse gasta para mudar imensas cidades de um lugar para outro, assim geramos mais poluentes e aumentamos a densidade da camada que produz o efeito que aquece o planeta, acelerando o processo de maneira exponencial.
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Nosso tempo passou. A vida no planeta Terra se tornou insustentável. As grandes matas atingiram níveis críticos de redução; a fotossíntese, fenômeno que transforma luz em oxigênio, está fabricando cada vez menos, deixando o ar rarefeito, irrespirável. Grandes nuvens de gás pairam tenebrosas, não se pode mais enxergar o azul do céu durante o dia e tão pouco as estrelas a noite. Os poucos seres humanos que ainda conseguem sobreviver a esse momento final vagam sem rumo e sem esperanças pelas cidades abandonadas; os carros não circulam mais, as chaminés das fábricas não soltam mais fumaça, não há aviões cortando o ar, nem pássaros, nem as pipas das crianças. Não há navios nos oceanos, nem peixes, nem baleias. A vida se esvazia em todos os lugares.
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Escrevo essas frases finais no teclado de um computador movido com o que resta de uma carga de bateria que guardei para um momento como este, da janela vejo as ruas cobertas de corpos inertes... em breve estarei junto a eles. Não escrevo para que alguém possa ler este texto, pois sei que a pouco não restará ninguém, escrevo, pois algo em mim me impele, é mais forte que minha vontade, escrevo porque escrever, para mim, é como respirar, faz parte de minha essência. Vejo algo estranho lá fora... meus Deus! O ar está queimando. Não sei se vou est