Operário este pobre desvalorizado
Operário este pobre desvalorizado
- Uma quentinha, por favor, pede o senhor, ao rapaz do bar no condomínio, onde ele está pintando um apartamento. O rapaz faz uma cara de poucos amigos, espanta freguês, e depois de uns “momentinhos” quase trinta minutos, traz mal humorado uma embalagem metálica e a entrega ao senhor.
E faz um gesto empurrando o senhor. O senhor não entendeu a agressão, e já ia se sentar junto às outras pessoas que almoçavam calmamente. O rapaz o pegou pelo pescoço e saiu quase expulsando o pobre trabalhador. E ainda ouviu: “Aqui peão não tem vez, não. Tem que comer lá fora”. Não ofereceu nem um talher de plástico, para o senhor almoçar.
Os outros clientes olharam de banda para o rapaz sem saber por que, ele fizera aquele gesto. Ouvi alguns comentários mais tarde, que os trabalhadores, assim como aquele da hora do almoço, não podem se sentar, no bar para comer quando compram a quentinha.
Pagam exatamente R1, 00 a mais enquanto os outros que não são trabalhadores, pagam o luxo de se sentar e comer um P.F. (para quem não sabe é um prato feito, só o que muda é que é servido no prato), pelo baixo preço de R$ 5,00.
O trabalhador é humilhado em todos os sentidos. Ele não estava sujo, nem despido, nem descalço Talvez uma cara cansada e uma roupa pobre, pois operário não pode usar fatiota em obra.
Às vezes me pergunto: “Para que tanto preconceito? Por que tanta discriminação? Já vi operários como eu e você serem humilhados. E o caso do elevador? É muito complicado.
Certa vez fui visitar uma parenta num subúrbio da zona norte. Quando cheguei o porteiro, (parecia que estava dormindo), me perguntou bocejando: _ Vai aonde? Dei o número do apartamento? Ele interfonou: Ele me indicou o elevador de serviço, eu perguntei por que não posso usar o social?. “A síndica não permite. Fui pelo elevador de serviço. Nem pude comentar com minha parenta sobre o que acontecera, pois ela era a síndica, e provavelmente me diria: “Aquele porteiro é doido, eu não dei ordem nenhuma”.
Tempos depois fiquei sabendo que o prédio em que ela era síndica sofreu um sinistro por um curto circuito em um dos elevadores. Fiquei sabendo também que os próprios condôminos eram responsáveis pela decisão da escolha da empresa que fazia a manutenção, optaram por uma de preço mais baixo. E quem sofreu as conseqüências:
O funcionário da firma da manutenção dos elevadores.
È sempre assim, trabalhar, trabalhar, trabalhar.
Ainda bem que acredito que estamos aqui só de passagem para aprendermos nossas lições e uma delas com certeza, é jamais esquecer que somos todos filhos de Deus, acreditem ou não. Por um acaso o sol brilha especialmente para alguém?
Aradia Rhianon