Pinturas da alma...
Águida Hettwer
 
  
    Quisera não moldar sonhos para trancafiar em gavetas. E nem dizer sim, querendo dizer não. O tique-taque do relógio avisa que as paredes necessitam de uma reforma, cores vibrantes para ofuscar o cinza. Na mesa posta sobram talheres e copos cheios de ilusões.
 
 Sentar-se a beira da praia, vendo o futuro passar na linha do horizonte lilás. Sem equilibrar anseios, amando sem receios, sem a sinopse da vida em mãos.  Degustar os sabores da fantasia sem tirar os pés do chão.
 
 Ainda as lembranças que habitam, sejam estrelas que amenizam a escuridão. Há lanternas acesas na alma, mesmo que os passos estejam em desalinho. Um poema feito ao luar, aspirando liberdade. Palavras soltas num vento mensageiro, cortejando o amor nos corações.
 
 
 Tingindo versos de azul, no riso sem formalidades. Nos portões da imaginação não há limites para sonhar, gira-se a chave na fechadura apenas uma vez. Do tempo não se junta farelos de emoções, amassa-se um pão novo, parte em fatias iguais.
 
 
 Nas pinturas abstratas da alma, fazemos leitura dos borrões das escolhas. Na vaidade da conquista, veste-se em traje de gala, despindo-se lentamente, no esmero da sedução.
 
Felizes por esperar da vida um milagre... Com erros e acertos a certeza de salvação.
 
 
06.11.2009