La Canzone di Doretta
La Canzone di Doretta
Giacomo Puccini
Liguei uma música do filme “As Janelas do Amor”, se não me engano , chama La Rondine. A voz é de Maude Salazar.
Quando ouço essa música me dá um sofrimento misto de quase um prazer. No filme, a música é o fundo para uma cena de amor entre uma jovem e um rapaz. Ele é um jovem que conduz uma carruagem de turistas num passeio ao campo. Ela é uma jovem fina, educada, passeando pelos campos da Itália, e ainda não conheceu o amor.
Eu, quando vi este filme me apaixonei pela música e pelo rapaz como protótipo do amor, e tão irremediavelmente introjetado que, até hoje, sinto a mesma emoção. Ou seja, eu queria ter sido amada por um homem assim. E eu reagiria como a jovem reagiu, aceitando um olhar e um beijo espontâneo em que tudo conspirava para aquele instante perfeito e ocasional.
O que tenho de parecido é que apenas tudo que acontece comigo é assim, espontâneo, imprevisível, ocasional. No “ser” sou assim. No “pensar” pesam as considerações formativas de moral, de ética, de pensamentos, atualidade, adequacionalidade, e etc.
No “ser” sai tudo bom, pois nasce ali, é puro e verdadeiro.
No “pensar” sai tudo errado, talvez porque o que penso do outro é o melhor que parece ser, e ele não é tanto. E também porque eu me dê o valor de saber lidar com o outro e que penso conhecer, e na verdade é desconhecido, pois o outro só vai se dar a conhecer quando ele achar que lhe convém. Quase todo mundo é assim, pensa e age para si, é egoísta, e se sobrar espaço seu sem uso próprio, é que passará ao outro, parte de si, é que se doará. São explicações para os desencontros que se processam.
Só estou falando isso, porque hoje “sou como aquela jovem e surgiria aquele jovem que me tomaria nos braços e tudo seria um encontro”. Afinal.