A pluma e a melancolia

Esse demônio dos espelhos ilusórios sequer ouve do mundo seus conselhos. Podemos dispensar um elogio, porém há muito perdemos a voz inútil da alma. Imagem diáfana em universo incipiente de natureza selvagem. Hoje diante dos pássaros que matei fui meu rabino, meu sacerdote e meu Deus. Pude ver a dor do paraíso iludível. Pude recolher do último canto o baque. Sem piedade, sem revitalização das plumas ainda quentes.

Arrependo-me dos pássaros que matei. Arrependo-me da solidão em que teci meus sonhos. Digna-se mesmo assim, irreparavelmente amanhecer sobre as trevas, somente para rastrear toda a extensão do meu arrependimento. Sem ouvir os pedaços da melancolia evanescente desses espelhos ilusórios. Exímio adeus entre a pluma e a melancolia como exposta a face do rosto firme ao espírito do vento.

Fui meu rabino, meu padre e meu Deus. Passeamos guiados pela imaturidade infantil da ação imaginária. Onde descansarão? Como traidor às tontas gritava a consciência: os pássaros que partiram eram do paraíso! Moço emudecido sobre o colorido inerme. O baque sem esperança, sem revitalização das plumas quentes. Verteu a morte. A morte verteu sobre pequenas ruínas através de um gigante onipotente e miserável. Erguendo a arma primitiva sobre a mutilação do futuro espanto.