CIGANOS

CIGANOS

Sempre me lembro de muitos ciganos se instalarem por algum tempo na minha cidade.

Quando eu era muito pequena, escondia até debaixo da cama com medo. Os adultos sempre diziam que os ciganos roubavam crianças, se entrassem em nossas casas sempre nos enganava e pegavam alguma coisa. Diziam também que eles gostavam de trocar cavalos e só enganavam as pessoas que não soubessem reconhecer quando o cavalo era bom. Geralmente aos domingos, eu ia com meus pais visitar os acampamentos deles e ficava vendo como eles davam banhos nas suas crianças, como faziam comida e como viviam. Eu via muitos moços e moças lá estendendo suas mãos para as ciganas olharem suas sortes. Não acreditava e ainda hoje não acredito que é possível saber o passado, presente ou futuro apenas olhando as palmas das mãos.

Além dessas lembranças dos ciganos, me lembro também de uma cantiga que eu cantava que era assim:“Ciganinha do Egito

Da cidade de Belém,

Me dá uma esmola

Cada um dá seu vintém

Me dá uma esmola

Pelo amor de Deus

Para a pobre cigana

Que ainda não comeu.”

Eu cantava essa cantiga quando meu pai pedia para eu cantar para algum amigo dele. Lembro-me que ele dizia: “cante uma música”. Eu sempre dizia: “só sei pedaço.”Só me lembro dessa música, talvez cantasse outras, mas não me lembro.

Depois de adulta, uma família de ciganos morava na Rua Santa Cruz na vila Mariana, em São Paulo, eu também morava nessa rua na ocasião, aproveitei, por curiosidade, olhar minha sorte. Constatei que elas não sabem nada, falam apenas coisas que acontecem com qualquer pessoa.