A Morte é um Desfecho Ridículo

A morte é um desfecho ridículo. Uma piada ultrajante e de muito mau gosto sobre um espetáculo perfeito.

Deveria ser proibido morrer; ao menos nos finais de semana, principalmente nos domingos, pois imaginem só: morrer num dia oficial e tradicionalmente voltado para a família, creio que esse dia deveriamos passar vivos.

Em algumas hipóteses pode até ser justa, mas traz em si uma justiça muito questionável. Antes de tudo é mal educada chega sem avisos prévios, não dá direito a reclamação, e nos deixa buscando um motivo, um por que, e nada, absolutamente nada vai refazer o que ela desfez. Êh vida engraçada! logo ela, a vida, a qual nos ensina a questionar, a buscar uma razão, uma porque, uma causa, nos faz calar sem um contentamento satisfatório; e diga-se de passagem é até tragicômico comentar sobre a vida num texto sobre morte ( apesar da relação inseparável).

Se encararmos democracia por esse lado, ela é a substância mais democrática existente, pois para ela idade, cor, raça, credo, classe social, altos fundos de conta bancária, nada disso torna um homem diferente, para ela todos são iguais. Ela é a única certeza da vida e me pergunto se realmente desejo certezas na vida.

Como disse Cassiano Ricardo:" ... assim que nascemos começamos a morrer", está aí mais um paradoxo intrigante.

É o fim da vida, mas me digam um motivo para o fim da vida. Esse é o salário que recebemos pelo trabalho de Adão. Ah! Adão! se eu estivesse lá no paraíso...

É uma das melhores demostrações da impotência humana; não há solução para a dor pulsante lá no peito, só se pode acostumar-se com ela. Não há palavras a serem ditas aos que choram, nem há palavras para sair dos lábios daqueles que emprestam seus ombros. Não há pensamentos bons, o grito de dor incomoda a alma, tira o fôlego dos pulmões, vem a vontade de correr, de sumir, mas pra onde? o incômodo não é o lugar e sim a situação, a perda e essa nos acompanhará a onde os nossos pés nos levarem, seja qual for a velocidade que nos levem; e afirmo mais uma vez só podemos nos acostumar, e esperar a saudade curar.

Faremos mais alguma coisa? diremos mais algo? para que? porque? a vida tem dessas coisas e não vai mudar, mesmo com toda poesia do mundo a morte ainda nos trará esses sentimentos.

Lú dos Santos
Enviado por Lú dos Santos em 06/11/2009
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