Olhando no espelho

Deparei-me em frente ao espelho...

Com o passar do tempo nunca havia reparado em mim dessa maneira. Olhando atentamente, percebi muitas mudanças. Antes, jovem, orgulhoso dos musculos adquiridos com horas de malhação, exibia-os como se fossem troféus. Agora, esses mesmos musculos, transformados pelo tempo cruel, mostram a diferença entre o que foi e o que agora é. Me sinto impotente diante desse inimigo cruel e sagaz. Como lutar e se defender de seus golpes fatais? Nada! Nada que se faça interrompe sua caminhada. Até quando esse inimigo que retira a beleza, destrói ilusões, continuará a sugar minha juventude deixando somente recordações em minha mente? Recordações que se desvanecem num abrir de olhos diante desse mesmo espelho, que se abre como um portal, mas que se fecha diante do desejo de transpassá-lo para buscar nas dobras do tempo belas imagens perdidas em suas espirais...

Sofro na tentativa de convivencia com essa nova imagem refletida diante de mim e que ainda não a conhecia. O que resta de uma vida de trabalho são nacos de sofrimento e dor. O que resta é o resto de tudo o que sobrou nessa insana corrida do sobreviver. Agora, diante de mim... eu! Eu que corria, para não perder tempo, agora imploro para que esse tempo me perca. Que me esqueça e me deixe somente com minhas memórias. Talvez, nesse tempo, haja tempo de me achar e aceitar essa nova imagem velha e cansada, que agora sou!

Hajoven
Enviado por Hajoven em 05/11/2009
Reeditado em 02/11/2016
Código do texto: T1907041
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.