Nossa página de cada dia

Para quem escreve, ali está ela todo dia a desafiar. Tantas coisas temos a dizer e nem sempre sai a contento. Porque o assunto pode não interessar aos outros ou porque não conseguimos desenvolver claramente o pensamento. Ou ainda, porque começamos pensando numa coisa e acabamos voando para outra.

Certa vez, há muito tempo, ouvi a entrevista de um pianista importante, em que ele dizia estudar para mais de oito horas diariamente. Logo cedo, depois do café, sentava-se ao piano, só parando na hora do almoço. À tarde retomava a atividade, como se no “trabalho” estivesse. Aquilo que ele curtia tocar ficava para as horas de folga.

É claro que nós, escritores amadores, nem sempre podemos nos dar a esse “luxo”, pois a sobrevivência fala mais alto. Ou então, temos que nos dedicar a ocupações domésticas e familiares. O que eu quero dizer, entretanto, é que o exercício pode e deve ser feito. Não necessariamente nesta ordem, nem com o rigor daquele profissional, mas com a vantagem de sermos os criadores. E criar é tão gostoso, não é mesmo?