As Neuras do Vestibular II
De 1979 para cá muitas coisas se perderam da memória pirenta que tenho hoje. Algumas coisas lembro com detalhes, outras tenho certeza de que foi mais-ou-menos-assim (!), daí desconfio e prefiro chamar tudo de folclore.
O ano do convênio produziu vários episódios que certamente se enquadram nesta categoria, até porque se eu acreditava na época no que parecia fato, a maturidade me indica que há que se desconfiar da origem quando a vítima é sempre mesma.
E a Carmen, era alvo certo...
Mas tinha uma coisa com que a gente se divertia muito.
O professor Curt, de física, era uma figura que foi talhado para o trabalho que escolheu, pois além de competente no tema, era um grande educador, o qual rapidamente se transformava em amigo.
Na época, a Carmen e eu viramos alvo frequente dele, que era profundo observador do comportamento e grande gozador nas horas vagas.
Acho que garanti a ele horas seguidas de diversão quando ele entrava na sala, com a varinha na mão e as apostilhas na outra, e de frente pra sala, olhando pra mim (tenho certeza!!!!) dizia: “-Faltam 84 dias para o vestibular!”, e eu imediatamente começava a chorar! A cada aula o número só fazia diminuir e a minha ansiedade aumentava na razão inversa da conta.
Depois, já com o material na carteira, ele assim meio de costas, dizia pra nós – entenda-se pra Carmen Diva – quanto a Denise (que era a fera do CE do convênio do Nazaré) tinha feito no último simulado, aí era a vez dela coitada, a Carmen, se debulhar em desespero por ter feito uma ou duas a menos!
Em tempos de politicamente correto, hoje talvez o tivéssemos processado, mas naquela época não havia muito espaço para tais conjecturas, ainda bem, porque hoje relembro com muito carinho daquele que salvou minha alma do ódio pela matéria e minha vaga no curso que balizou minha vida adulta e profissional.
Ei professor Curt, valeu!
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Anadijk
Houten, 29/10/09