Aiaiai, bagunça!
Olho pra minha mesa, cada dia com mais livros, papel, moedas e tranqueira acumulados, e reclamo: se eu não tivesse uma mesa tão grande não sentiria vontade de colocar as coisas em cima dela...
No começo achei que o culpado da bagunça era o "excesso de espaço". Até que visitei a kitnet de um amigo. E fiquei maravilhada: Um cubículo apertado, e consegue juntar tanta bagunça?
Um mistério...
Descobri que a diferença da "bagunça por excesso de espaço" pra "bagunça por falta de espaço" é que a primeira é prevalentemente horizontal, e a segunda, vertical. Já reparou? Eu reparei. Na minha mesa, por exemplo, acontecem os dois processos em sequência: primeiro, o espalhamento vertical, que chamo de "forração"; depois, quando não tem mais pedaço de mesa visível, começa o "empilhamento". E fica assim até eu não aguentar a bagunça. Ou até a pilha, como que tomada de consciência própria, resolver estender o processo de "forração" para o espaço livre do chão... O que geralmente acontece, devido à minha sina de sempre precisar justo do livro que está servindo de base para a pilha maior.
Às vezes alego "falta de tempo pra arrumar". É, só se for "pra arrumar", porque pra outras coisas eu sempre tenho tempo (como para escrever essas besteiras).
Às vezes alego: culpa da dona PI! ("pi" de "piguiça" (preguiça), ou "pigrisse", em portuliano...) Mas coitada... ela não tem culpa. Porque eu tenho mais trabalho tentando achar um "ponto de equilíbrio" para uma nova pilha de folhas do que eu teria se eu organizasse tudo em uma pasta.
Ou melhor, dezenas de pastas. Uma só não caberia, não.
Mas aí não seria nem um pouco prático... Já tentei. Na hora de estudar eu acabo tirando tudo de novo. Pra estudar uma matéria preciso reler várias anotações, saltando entre uma e outra. Em época de provas então, a minha mesa se amplia: se estende à minha cama e ao chão adjacente, tudo coberto com anotações.
Voltando ao tema de "forração" e "empilhamento", isso me faz lembrar das aulas do cursinho. Meu professor explicando um processo semelhante, que ocorre com pó e folhas caídas de árvore: tendem a se espalhar pelo chão, formando camadas em vez de acumular em um montinho. E isso ocorre naturalmente, algo relacionado a "equilíbrio do sistema", culpa de uma tal "entropia". Entropia que, por definição técnica (química), é a "medida do grau de desordem de um sistema", e uma transformação espontânea geralmente age em favor de "aumentar a desordem do sistema".
É... olhando minha mesa ficando novamente bagunçada, pelo menos esse consolo: estou espontaneamente contribuindo em favor da entropia do "sistema".