A VIDA DOS OUTROS
07/10/2009
04:03
Eu olho pela janela e vejo mais um dia de atrasos...
Mais um dia ausente para ser vivido. Apenas uma nova estatística a ser amontoada em nossos arquivos pessoais. Nas prateleiras ainda desconhecidas.
Lá fora todas as leis existentes não podem acalentar seus medos cotidianos, nem suas faltas. Numa rua vazia seus filhos inventam motivos numa nova droga. Outra maneira para protestar contra faltas e abusos morais.
Os donos da lei escondem-se atrás dos muros e brincam com vidas pouco alheias. Enquanto lá em cima o moro pega fogo. Mata gente. Morre a paz.
Aqui embaixo o trânsito (cruel e letal) cria novos cânceres, novos maníacos...
esta mesma sequência te leva aonde sempre precisa chegar: no cumprimento de uma rotina estupida.
No mesmo farol onde a bela moça lixa suas unhas, pinta o olho, acende outro escape, outro ladrão faz sua nova vitima.
Mas isso o banco já faz sem poucas modéstias, sem falsas promessas. Isso todos os políticos fazem entre sorrisos e roupa pomposa... e seus vizinhos... parentes... todos roubamos e matamos todos os dias. Direta ou indiretamente. Física ou mentalmente. Todos.
E esta mesma rua que abriga bandidos e mocinhos também te leva até seu “doce e mentiroso lar”. E lá repousa sua família perfeita. Uma esposa pouco sorridente prepara o jantar com sobras do ontem.
Hoje as insatisfações conjugais tomaram mais do seu tempo. A comida agora dorme na agilidade dos meios.
E desta mesma janela eu posso comprar o que há de mais ilegal e imoral e a facilidade com que isso tudo se apresenta à mim acaba deixando de ser crime aos meus olhos. Acaba iludindo minha culpa.
Ligo a TV para mais uma tragédia. Parece que a natureza esta acertando as contas finalmente. Alguém há de o fazer.
Nestes mesmos dias de contradições as Marias jogam pôquer no porão do restaurante chinês. Quem se importa?
Mas isso era para ser outro segredo... quantos mais haverão de guardar?
Na esquina de tantas ruas, lindas meninas fazem de seus corpos uma porta sempre aberta. O sistema não ousaria fechá-las.
E nas calçadas de estrelas douradas os “inúteis” fazem suas memoráveis refeições. Sonhando com a dignidade que sempre lhes roubamos. Com os dias que não lhes pertence. Com mais uma dose.
E da minha janela eu vejo um mundo inteiro desmoronando enquanto acendo outro cigarro... viro o disco.
Os poucos que ainda preservam sua dignidade e consciência encontram-se dentro de suas casas frias escondidos entre vidros escuros e quartos vazios. Entre frustrações mundanas e livros empoeirados...
Repousam em silencio esperando a morte chegar.
07/10/2009
04:03
Eu olho pela janela e vejo mais um dia de atrasos...
Mais um dia ausente para ser vivido. Apenas uma nova estatística a ser amontoada em nossos arquivos pessoais. Nas prateleiras ainda desconhecidas.
Lá fora todas as leis existentes não podem acalentar seus medos cotidianos, nem suas faltas. Numa rua vazia seus filhos inventam motivos numa nova droga. Outra maneira para protestar contra faltas e abusos morais.
Os donos da lei escondem-se atrás dos muros e brincam com vidas pouco alheias. Enquanto lá em cima o moro pega fogo. Mata gente. Morre a paz.
Aqui embaixo o trânsito (cruel e letal) cria novos cânceres, novos maníacos...
esta mesma sequência te leva aonde sempre precisa chegar: no cumprimento de uma rotina estupida.
No mesmo farol onde a bela moça lixa suas unhas, pinta o olho, acende outro escape, outro ladrão faz sua nova vitima.
Mas isso o banco já faz sem poucas modéstias, sem falsas promessas. Isso todos os políticos fazem entre sorrisos e roupa pomposa... e seus vizinhos... parentes... todos roubamos e matamos todos os dias. Direta ou indiretamente. Física ou mentalmente. Todos.
E esta mesma rua que abriga bandidos e mocinhos também te leva até seu “doce e mentiroso lar”. E lá repousa sua família perfeita. Uma esposa pouco sorridente prepara o jantar com sobras do ontem.
Hoje as insatisfações conjugais tomaram mais do seu tempo. A comida agora dorme na agilidade dos meios.
E desta mesma janela eu posso comprar o que há de mais ilegal e imoral e a facilidade com que isso tudo se apresenta à mim acaba deixando de ser crime aos meus olhos. Acaba iludindo minha culpa.
Ligo a TV para mais uma tragédia. Parece que a natureza esta acertando as contas finalmente. Alguém há de o fazer.
Nestes mesmos dias de contradições as Marias jogam pôquer no porão do restaurante chinês. Quem se importa?
Mas isso era para ser outro segredo... quantos mais haverão de guardar?
Na esquina de tantas ruas, lindas meninas fazem de seus corpos uma porta sempre aberta. O sistema não ousaria fechá-las.
E nas calçadas de estrelas douradas os “inúteis” fazem suas memoráveis refeições. Sonhando com a dignidade que sempre lhes roubamos. Com os dias que não lhes pertence. Com mais uma dose.
E da minha janela eu vejo um mundo inteiro desmoronando enquanto acendo outro cigarro... viro o disco.
Os poucos que ainda preservam sua dignidade e consciência encontram-se dentro de suas casas frias escondidos entre vidros escuros e quartos vazios. Entre frustrações mundanas e livros empoeirados...
Repousam em silencio esperando a morte chegar.