O púlpito da esplanada

Estive em um lugar cercado de concreto,

meus lábios trincavam de sede,

não pelo cansaço das subidas, pois lá não existiam...

mas sim pelo sol que lá fazia.

De longe vi duas cúpulas,

uma virada para cima e outra para baixo,

logo pensei: os opostos se atraem...

Mas quando adentrei naquele lugar não vi atração alguma,

vi homens bem trajados,

alguns com muita e outros com pouca sapiência.

O discurso era bonito, as palavras saltavam do dicionário,

mas o que era dito, não era feito para os pés descalços que os colocaram ali.

Apenas a minoria os ouviam, outros tantos, prestavam atenção sem entender patavina do que era tagarelado.

Os papagaios de ombro, batiam suas asas e balançavam a cabeça concordando com tudo que era ouvido.

Até queria um bichinho desses, para me sentir "o cara",

mas custam caro!

Daí eu pensei, de boas idéias e intenções esse lugar está cheio,

só resta colocá-las em prática.

Bom, essa parte é a mais difícil já que aqui os opostos não se atraem.

Então, me veio um pensamento:acho que as cúpulas deveriam ser unidas, formando um círculo, cingido pelo interesse maior da nação.

Logo me vi contaminado com tantas idéias que me cercavam, mas antes que alguém me oferecesse um antídoto para acordar minha lucidez, o relógio despertou! Acordei e pensei onde será que eu estava? Ainda um pouco torporoso abri o jornal e fiquei com uma estranha sensação déjà vu.

alexandre lobo
Enviado por alexandre lobo em 04/11/2009
Reeditado em 04/11/2009
Código do texto: T1904861
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