O Arco Iris.

No Amor, como tudo na vida, tem dois problemas. Um quando começa e outro quando acaba. Por isso, ao nascer defeituoso o amor traz em si dois lados: Um bom e outro ruim, aquele das promessas que jamais se realizarão e o dos arrependimentos.

Quando se julga amar alguém na forma essencial, se vive por um tempo um sonho lindo... Foi assim que amei alguém ou melhor, foi assim que amei você.

Quando eu era um garoto, uma bruxa má me disse: - Ta vendo o Arco Íris? Se você conseguir atravessa-lo, será feliz e muito rico – encontrará um pote cheio de moedas de ouro! Mas, cuidado! Guardando a portal do Arco Íris, há um monstro horrível e não te deixará passar. Tempos depois, já adulto, uma boa bruxa, tipo uma fada madrinha me apareceu em sonho e disse: Se atravessares o portal das sete cores encontrarás a Sabedoria, deterás o Conhecimento e serás poderoso e feliz! Mas, cuidado! Não tentes atingir tão depressa o teu objetivo, guardando o Portal uma besta espelhada te confundirá, e poderás ser tão amargo, que tua alma será estéril.

A propósito, isso me pareceu pouco verossímil tão quanto fantasioso. Mas, com o passar das luas, percebi que valia a pena tentar, entrar correndo no portal do Arco Íris.

Conhecer você, foi o desafio de atravessar a fronteira do meu Ego, ignorando os perigos, infligindo as leis dos deuses, apenas voltado para meus desejos mais profundos. Atravessar a linha proibida que separa as cores, foi muito mais que paixão, foi quase uma insanidade. Naquele momento em que te conheci, você foi tudo de bom e de ruim, a árvore proibida, a serpente e o pecado definitivo.

Os deuses do amor, já conheciam o final desta aventura, mas, ao permitirem os desfechos, não foram condescendentes, apenas se divertiram com nossa condição miserável de ser humano. Os animais, por exemplo, acabam por serem mais felizes, pois não sabem amar, apenas acasalam-se. Algumas vezes me imaginei sendo um peixe fisgado. É assim que você sente neste momento de sonho, é assim que o destino faz: pescar a gente... Então, um dia eu decidi correr rumo ao Arco Íris e me apossar daquele tesouro de amor e de sabedoria. Seria rico e poderoso. Mas, ao tentar atravessar a linha, as criaturas que guardavam o Portal nada fizeram, apenas me olharam, pois estavam presas aos meus calcanhares, e me obrigavam a arrasta-las dentro de um túnel úmido e escuro. Foi então que percebi que o sonho acabara. O Arco Íris se dissipou e nem moedas de ouro nem a pedra Filosofal nunca estiveram lá. Entendi que a busca pela riqueza é inútil no meu caso, e que aquele conhecimento não se aplicava mais ao meu mundo. Foi então que eu descobri o outro lado da minha Liberdade, o lado oculto, que está além do Arco Íris. Dessa forma, abandonei o caminho do coração e me coloquei diante do jogo da Vida, onde tenho que apostar no prazer e na dor, no corpo e na alma...

Depois de um exaustivo trabalho de uma renovação interior, tive mesmo que fazer uma escolha: Ficar correndo atrás do Arco Íris, ou abraçar de vez minha Liberdade.

Álvaro Francisco Frazão.