Idéias, linhas e papel
Tenho uma idéia. Quero algumas linhas, papel e uma caneta. Agora sinto uma inspiração, ou melhor, agora sinto de forma simples e pura.
Vou escrever um poema, uma poesia, uma prosa, quem sabe componho uma música e uma crônica. Daí parto pra uma história, um romance com um crime e assim vou pra algo menos comum e melacólico como uma ficção, e não distante chegarei ao meu best-seller.
Depois de tudo isso serei lembrado, elogiado e até criticado. Pedirão minha assinatura com dedicatória nas minhas histórias ( é até engraçado escrever novamente meu nome em algo por mim já escrito e assinado outrora).
A minha próxima obra poderá ser muito abaixo do esperado; começarão a comentar se foi apenas sorte de principiante, ou então uma mera causalidade do destino, ou para os mais céticos uma borrifada de inspiração que chega em todo ser humano em alguma hora.
Daí em diante me concentrarei em algo muito melhor que o meu primeiro best-seller, será como a descoberta do fogo, a invenção da pólvora ou a fabricação da bomba atômica. Trarei até a mim o título de grande novamente e calarei a voz dos maus pensadores e céticos por nascença com dúvida até da sua própria existência.
Num plano seguinte começarei a envelhecer e ser chamado de gênio, começarão a convidar-me para falar a muitas pessoas esperançosas de ouvir algo brilhante ecoar dos meus lábios; em seguida serei aplaudido de pé, verei flashs sendo disparados em minha direção no mesmo momento em que vêm até a mim algumas pessoas para apertar minha mão e elogiar-me, ou soltar alguma frase satírica por não ter gostado.
Tudo isso passará, eu sei. E quando passar eu serei consagrado como grande pensador, gênio, imortal ou como alguém ousado o bastante para pensar.
Logo depois as minhas linhas, ou melhor minhas histórias serão vendidas aos filhos dos filhos dos meus ouvintes. Tudo isso porque senti, busquei papel, algumas linhas e caneta.
A realidade é, realmente, muito surreal!