Como interpretar o Espírito do Natal?
Eu considero engraçadas certas atitudes tomadas por multidões, por anos e anos, que se tornam tradições para depois se transformarem em rotinas, chegando assim até a se modificarem em obrigações automáticas, por força de interesses vários, muitas vezes não muito recomendáveis. Eu poderia trazer aqui inúmeros exemplos bem hilariantes sobre esses acontecimentos, mas prefiro me ater ao que reputo como sendo de muita seriedade – nada com motivo para se dar risada.
A quantidade de cristãos espalhada pelo mundo é de grande significância, no meio de muitas religiões de profunda importância para o desenvolvimento da humanidade, por essa razão é que podemos afirmar, com segurança, que a presença do Grande Mestre Jesus Cristo foi crucial para a garantia da vivência do homem até os dias de hoje, a partir de dois mil anos atrás. Ora, como naquela época não houvessem formas de registros seguros sobre as identidades das pessoas, tudo se perdeu com o passar do tempo, portanto nada mais justa a atitude da Igreja Católica em determinar uma data para se comemorar o aniversário do nascimento dessa personalidade tão importante para nós. Assim, em meados do século IV, foi dado o pontapé inicial a esse grande evento, que passou a ser a data magna do ano a ser louvada, através da presença em cultos especiais, através da reunião de famílias ao redor de mesas contendo pão e vinho, onde eram feitas orações de agradecimento a Deus e a Cristo pelas graças e proteções recebidas durante todo o ano corrido – estava assim criado o “Espírito do Natal”.
O Espírito do Natal tem uma abrangência de incalculável importância para o comportamento dos povos, porque ele representa a força dos sentimentos de gratidão e de amor, que deveriam ser cultivados quotidianamente pelos moradores deste Planeta, mas que, na contemporaneidade, estão muito mal e porcamente sendo arremedados nos períodos próximos ao dia 25 de dezembro. _Isto é muito triste.
A expressão espírito do Natal está hoje servindo de pano de fundo para o incremento das vendas comerciais, como golpe de marketing aplicado nos dias das mães, dos pais, dos namorados, das crianças, disso e daquilo, a começar pela criação da figura do Papai Noel até chegando ao ponto da exploração da “solidariedade temporária” das pessoas, de forma fugaz, interesseira e indecente. O pior em tudo isso é que uma imensa multidão está se deixando levar por essas circunstâncias, como em um arrastão incontrolável, agindo como os macacos e os papagaios, que agem ou falam coisas apenas por instinto de imitação, mas sem saberem o que estão fazendo. Isso é, no mínimo, herético, por se tratar de uma data de tamanha profundidade espiritual, que é digna, isso sim, de comemorações de alto cunho religioso. O consumismo desenfreado, que grassa nessa época, não tem qualquer justificativa, tanto pela compra de presentes a torto e a direito, como de comida para alimentar banquetes até nababescos, com muito desperdício irresponsável, à custa de dívidas a serem saldadas mais tarde.
Hoje, Natal é sinônimo de férias na praia, troca maluca de presentes, oportunidade de emprego temporário, muita comida e bebida, um montão de penduricalhos e luzinhas pra todo o canto, uso do 13º salário para compras promocionais e ainda, acintosamente, a exaltação ao “bom velhinho”, já a partir de meados de outubro, como chamamento ao mercantilismo, travestido de desejos de “feliz Natal”. Tudo isso é deprimente, porque está-se desvirtuando o verdadeiro Espírito do Natal, que deve ser compreendido como sendo o ícone representativo das ações a serem efetivadas pelos adeptos da religiosidade, não só no final do ano, mas também como forma de vivência em sociedade, em concordância com os ensinamentos do Mestre. Esse sim, será o presente a ser oferecido ao aniversariante, que deverá ser o único homenageado, por justiça – fora disso, tudo não passa de festa mundana, sem resquícios sequer de espiritualismo e religiosidade, ou seja, mais uma vez o ser humano está demonstrando o quanto, ele mesmo, está se desviando do Caminho.
Podemos afirmar que é devido à falta do Espírito do Natal, no nosso dia a dia, o fato da vida no Planeta estar ameaçada de desaparecer! _Isto vale uma reflexão.