QUEM É LIVRE NÃO TEME O RIDÍCULO
Enquanto caminhava, o pensamento parecia se alegrar! Olhei outra vez para minhas mãos e sorri... Mas, alegria pouca é bobagem! E lá vem a voz abusada da minha imaginação atrapalhar o momento:
- Atrapalhar? Deveria me agradecer por tentar impedir que pague o maior mico com esta crônica, que, aliás, só pode ser chamada crônica porque seu caso é incurável!
- Só quem é livre não tem medo do ridículo!
- Complexo de Princesa Isabel! Haja liberdade!
- Não achei a menor graça! Vou escrever sobre o que desejo e ponto final!
- Com certeza será ponto final! Ninguém mais lerá uma linha! Que vexame ser imaginação numa hora dessas! Pelo amor da Literatura, Dona Escritora, não ouse contar esta história!
- Pois eu vou contar, sim! Esta crônica não depende de imaginação!
Minha atenção se volta para as unhas. Logo eu, sempre tão discreta, de repente, entro no salão que frequento há décadas, olho para a cara tão familiar da manicure que automaticamente pega o esmalte incolor, mas, desta vez, a interrompo antes de destampar o vidro:
- Vou mudar.
A profissional sorri sem a menor surpresa e dispara:
- Toda mulher, um dia, diz isso! E escolhe vermelho.
- Então, será um tom vermelho!
- Posso sugerir essa cor que foi lançada há pouco tempo...
Minha imaginação entra em cena outra vez:
- Caso perdido!
Retruco sem pensar:
- Não era esse nome, não!
- Dona Escritora! Tente se conter! Esse assunto é ridículo!
Entretanto, mais uma vez, sou fisgada pela cor em minhas unhas. O nome do esmalte? "Possessão Rosa". E eu, aqui, pensando em vermelho...
E a voz imaginária conclui:
- No vermelho ficará sua conta se depender do que escreve!
(*) IMAGEM: Google
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