Amor
É pela possibilidade de aprimorarmos a nossa capacidade de amar que a vida a cada dia se faz.
Toda e qualquer experiência, quando nos voltamos para o amar, a despeito de que o enredo vivenciado ou apenas sonhado, não possua o tradicional “happy end”, é história única e profundamente enriquecedora, quer do ponto de vista de ampliarmos o nosso potencial de nos doarmos, quer de recebermos.
Costumo dizer que amar prescinde de quaisquer atitudes de entrega do outro. Creio ser esta a mais genuína forma de manifestação do amor. E por isto mesmo, a mais complexa. Penso que o amor corresponde a uma sensação de redenção e paz, pela união de essências que convergem em uníssono para a harmonia da sinfonia orquestrada pelo universo. Ainda assim, o amor sempre será composto de notas misteriosas aos ouvidos, sensibilidade e entendimento do homem.
Muitos de nós, quando amamos, findamos por centrarmo-nos em anseios e necessidades pessoais, esquecendo-nos do universo do outro que nos propusemos a também descobrir. Amar é conjugarmos o “nós” de forma natural, sem que isto ofusque o exercício das manifestações do eu de cada um.
O amor pleno acontece antes mesmo de haver encontro, posto que é manifestação de energias cósmicas que se anunciam no éter, ainda que jamais se avistem ou se presenciem pelos sentidos mais formais desenvolvidos pelo homem. É afinidade inexplicável que transcende as mais elaboradas definições.
É também eterna inquietação, porque pressupõe constante construção. E por assim ser, move-se na dinâmica própria da vida, criando novas dimensões ao que em nosso entorno, parece limite e finito.
Como dizia a atriz americana Helen Hayes, “A história de um amor pouco importa. O que vale é a capacidade de amar, provavelmente a única visão de eternidade que nos é permitida”.
Fernanda Guimarães
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