A MISÉRIA DA CONDIÇÃO HUMANA
Passei exatos quatorze dias no hospital, sendo sete na “UTI” e outros sete na “UCI” (Unidade de Controle Intermediário), até a minha alta e conseqüente liberação pelos médicos.
Nesse período, rezei muito, refleti bastante, experimentei momentos de tristeza, outros de alegria e de constatação da presença de Deus Pai em nossas vidas.
As pessoas, lá fora, lutam, correm, trabalham no afã de atingir a qualquer preço os seus objetivos, nem sempre muito cristãos, passando por cima da ética e dos bons costumes, burlando a lei e, na melhor das hipóteses, procurando dar sempre o famoso “jeitinho brasileiro”, que gosta de levar vantagem em tudo (a Lei do Gerson). Buscam só dinheiro e poder, poder e dinheiro. Pouco ou quase nada se preocupam com as coisas do espírito. Essa é que é a verdade! ...
Quando, por algum motivo, se baixa num hospital e se depara com irmãos de todos os tipos, portadores de males e enfermidades diversas, sofrimentos infinitamente maiores que os nossos, principalmente num ambiente simples, humilde, desprovido de ostentações e de recursos financeiros, aí, sim, amigos, o sujeito é forçado a parar e a refletir na fragilidade do corpo e da matéria, como também na força do espírito humano.
Nesses quatorze dias, presenciei o sofrimento atroz de muitas pessoas, a morte de algumas delas e a recuperação feliz de tantas outras. Observei também, diuturnamente, o carinho, o desvelo e a dedicação dos médicos e enfermeiras, numa luta de às vezes dezesseis horas seguidas, em prol da salvação dos seus doentes. E, não raro, a morte era mais forte que os remédios, o tratamento e a abnegação dos médicos e equipes de auxiliares.
Tive ensejo de refletir, de rogar a Deus perdão pelos meus pecados, de agradecer muito ao Senhor pela riqueza que tenho, um lar abençoado, esposa querida e diletos filhos, parentes estimados e bons amigos, especialmente pelo fato de que meu caçula Daniel ter optado pela MEDICINA, um verdadeiro apostolado, consagrando sua vida à essa nobre e digna profissão.
Obrigado por tudo, meu Pai! Graças a Deus! ...
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B.Hte., 10/02/1994
OBS.:- UTI do Hospital Medicor, na “Baleia”, onde me recuperava de um infarto.