Ironias do Destino

Nem tudo acontece como a gente imagina. Naquela época em que estive em Portugal e fui atrás de informações sobre bolsa de estudos, eu pensava mesmo em fazer uma pós-graduação, ou especialização, por lá. Uniria o útil ao agradável, já que a vontade de viver fora do Brasil me atraía. Terminei a faculdade e acabei indo para a França. O que me foi de grande valia, tanto para a vida profissional como pessoal.

Durante as férias, no verão (europeu), voltei a Lisboa com meu marido e amigos brasileiros residentes na França. Tivemos a grata satisfação de ver o país alegre, imediatamente após a Revolução dos Cravos. Não reencontrei meu cicerone Antonio, há muito havia perdido o contato com ele, o número do telefone já não era o mesmo. Encontrei por acaso, num restaurante, um amigo de S.Paulo exilado em Paris, onde raramente nos víamos. Fomos recebidos calorosamente pelos pais de uma nova amiga portuguesa, minha colega de curso. Desta vez não dei vexame, só rimos bastante com as trapalhadas em relação à compreensão de certas palavras. Quando eu dizia que uma coisa era engraçada eles arregalavam os olhos, imaginando aquilo sujo de graxa. Foi difícil entender quando eles quiseram saber quantas casas tinha meu apartamento. Como assim? Casa é casa, apartamento é apartamento, eu tentava explicar, mas eles não entendiam. Referiam-se aos cômodos, e eu não sabia...

Bem, anos depois, trabalhando com os franceses, eu quis fazer um estágio na França e acabaram me mandando para... Lisboa! E lá estive eu, desta vez trocando figurinhas com meus colegas professores de português do Liceu Francês.

Esse Destino é mesmo irônico, não acham?