VOAR

Perolas e porcos, lamas e fragatas. Comum como quem morre. Sem preces ou fé, soberba e venenosa. Laciva e impregnada de asco pelo rancor e o amor destratado.

Um pulo, um salto e, ops, o abismo!

Saltar dele pode ser apenas uma opção, para mim é delirio.

Navegar em ar como pluma, como se as nuvens fossem flocos de ondas batendo em meu rosto e o ar não se permite entrar pelos pulmões.

O vento me carrega mais veloz que o imaginário, para o chão firme e duro. A realidade dolorosa e cruel que me corta os pulsos.

Meus olhos vagueiam em um foco certo. Tudo disforme, embassado até. Lágrimas caem desordenadas e entopem meu nariz.

Pode ser o sangue que fraqueja minha respiração. Meus pulmões sem vento, escorre em veias entupidas de memórias.

Apague já essas desgraçadas memórias!

A cabeça está ferida de tanto bate-la na porta. Quero que rache para apagar tudo o que nela persiste.

O abismo, esse despedicio. Se eu salta, ganho a eternidade. Se ficar as memórias me corroem.

Doce duelo...