A MESMA ESTRELA QUE ME ILUMINA A TI TAMBÉM
ILUMINA
“Hoje acordei menos triste
Sentindo-me menos eu
Saudade se afastando
Melancolia adormecendo
Percebendo alguém me querendo
Uma voz por dentro
Chamando o que é meu
Vou dormir novamente
Sentir essa dor contente
Fingindo que sou eu”
(O Invasor – Yasmine Lemos)
Minutos atrás estava eu deitada e sobre mim, aberto na pág. 79, “O Dia do Coringa”, de Jostein Garder. Meditava sobre o que lia... De onde me encontrava, feito o Albert, - um dos personagens do livro - observava um aquário, dentro dele o meu peixinho vermelho de escamas pretas, que nadava sem cessar, pra lá e pra cá; vez por outra dava pulos para fora da água; seus olhos são pretos e mantém a boca sempre aberta. Bati no vidro e ele se chegou, aí eu pensei: será que ele me conhece, que me imagina sua dona por alimentá-lo e trocar sua água vez por outra...? Ah, também, ao meu alcance, uma taça de vinho pela metade e a música de Albinoni invadia o ambiente.
Pensei em pessoas ausentes, que representam para mim “ilhas distantes, inacessíveis”, quando não passo na realidade de um pequeno barco , que sempre se deixa enganar pela leitura do oitante e da bússola, por isso estou sempre me perdendo, mas com a mesma certeza de Haus - outro personagem do livro - de que na noite quando se olha para o céu ele está exibindo as mesmas estrelas para essas pessoas , embora, fisicamente, estejamos infinitamente longe uma das outras, isso me faz crer que elas estão juntas de mim, então, me faz pensar nelas com doçura. E, enquanto penso, da minha varanda, ouço pássaros cantando, observo as folhas dos coqueiros agitadas pelo vento, imagino ouvir batida forte de porta de carro, de passos sobre as pedras que nunca me alcançam...
E o mar? Acho que ri de mim, fica só mostrando os seus dentes brancos ...